quarta-feira, setembro 23, 2015

Blacklisters - "Adult"



Num recente artigo publicado na Louder Than War, os Blacklisters foram convidados a enumerar 10 bandas que influenciaram o seu som. Muito embora todos os elementos tenham um gosto eclético, a lista assenta em bandas ora de nomeada (Shellac, Jesus Lizard, Melvins, Gang of 4, Devo, Big Black, Pissed Jeans) ou mais obscuras (Kong, Hawk Eyes, Daughters) revelando desde logo, uma base sonora que assenta num universo mais noisy, pesado e matemático ao qual poderíamos acrescentar os Unsane, Helmet ou os mais recentes Mclusky, Pulled Apart By Horses, Young Widows e Dope Body.

"Adult" é o segundo registo de originais deste quarteto de Leeds, após a estreia em 2012 com o fulgurante "Blklstrs", e perante o parágrafo anterior está bom de ver que não estamos a falar de música pop mas sim de um rock ruidoso, desconfortável, massacrante, agitador, "in-your-face", que pega no ouvinte pelos colarinhos e cospe-lhe na cara enquanto os seus tímpanos explodem dada a agressividade decibélica emitida ao longo das 10 faixas que compõem este disco, ao qual não falta um toque de humor e sarcasmo patente em títulos como "The Sadness of Axl Rose", "I Knock Myself Out" ou "Power Ballad", sem esquecer o grafismo que ilustra a sua capa.

Perante tal cenário, estão mais do que informados sobre o que vão encontrar neste disco, e se os vossos estimados ouvidos ainda clamam por uma boa dose de noise-rock, então "Adult"  tratará de os saciar devidamente!

quarta-feira, setembro 16, 2015

Destruction Unit - "Negative Feedback Resistor"



Formados em inicio deste século, os Destruction Unit contam já com uma apreciável discografia e uma carreira com diversas mudanças na composição da banda da qual fez parte o malogrado Jay Reatard. "Negative Feedback Resistor" é o oitavo disco de originais e sucede ao estonteante "Deep Trip" igualmente na influente editora Sacred Bones.

Apostados em massacrar o ouvinte (no bom sentido), os Destruction Unit prosseguem com este novo registo num abalo auditivo assente na velocidade punk/hardcore, no niilismo dos Pussy Galore, no rock cavernoso dos Birthday Party, na agressividade dos Scratch Acid à qual podemos acrescentar a nova geração ruidosa dos Metz, Pissed Jeans, The Men (primeira fase) e o uso e abuso de pedais de efeitos ao estilo de uns A Place To Bury Strangers e White Hills.

"Disinfect" abre as hostilidades em crescendo para não mais dar tréguas até ao final, num turbilhão sonoro com uma bateria em espancamento contínuo, guitarras distorcidas e mergulhadas em diversos efeitos com uma ligeira inclinação para o psicadélico e vocalizações possessas entre um Nick Cave, Lux Interior e David Yow, resultando num disco que poderia ser o seguimento natural de "Horse Of The Dog" dos The 80's Matchbox B-Line Disaster.

Se todas estas referências vos seduzem, podem efetuar o download do álbum aqui e comprovar que os Destruction Unit são uma das bandas mais entusiasmantes e barulhentas da atualidade.


quinta-feira, setembro 10, 2015

Tijuana Panthers - "Poster"



Um ano após a edição do mui recomendável "Wayne Interest" que figurou na minha lista de favoritos de 2014, o trio californiano Tijuana Panthers volta à carga com "Poster", um álbum que espelha uma melhoria ao nível da composição, assim como uma maior clareza no seu som outrora mais lo-fi e mergulhado em "reverb", algo que não abandonaram de todo mas ao qual limparam alguma "sujidade".

A sua combinação de surf, garage, punk e pop resulta numa receita com bons resultados que puderam ser comprovados ao vivo na mais recente edição do Milhões de Festa a que infelizmente não pude aceder, mas estou certo que quem presenciou terá abanado a anca mercê da energia que transborda dos seus temas.

Destacar faixas de "Poster" não é tarefa fácil mas ainda assim pressente-se o espirito C-86 em "Send Down The Bombs", os The Drums de boa memória em "Front Widow Down", uma certa semelhança entre "Right And Wrong" e "Vicar In A Tutu" dos The Smiths, o aproximar aos colegas de editora Allah-Las em "Trujillo" ou o legado de Jay Reatard em "Seth Forth". Sempre que a saudade apertar por dias de Verão, basta colocar este disco e seguramente serão transportados para uma praia perto de si.


quarta-feira, setembro 02, 2015

Yo La Tengo - "Stuff Like That There"


Banda que já se tornou uma instituição, os Yo La Tengo apresentam desta feita "Stuff Like That There, um conjunto de versões e reinterpretações às quais adicionaram duas novas canções, em jeito de celebração do 25º aniversário do fascinante "Fakebook" (1990), um álbum que revelou desde então a sua mestria em transformar qualquer versão, seja popular ou obscura, numa canção com o carimbo Yo La Tengo.

Evitando a todo o custo a distorção, este disco assenta em guitarras acústicas, ocasionais twangs (por vezes a lembrar o Ry Cooder de "Paris, Texas"), baterias escovadas e vozes frágeis, contando ainda com o precioso auxilio do guitarrista Dave Schramm outrora elemento da banda na sua fase inicial.
As versões oscilam entre bandas e artistas de renome (Hank Williams, The Cure, The Lovin' Spoonful) e mais obscuros (Special Pillow, Great Plains Antietam) sempre com o cunho caraterístico do trio, com destaque para o desempenho vocal de Georgia Hubley no tema de abertura "My Heart's Not In It" (Darlene McRea) e o famoso "I'm So Lonesome I Could Cry".

No que toca a recriações, "The Ballad Of Red Buckets"do meu preferido "Electr-o-pura", "Deeper Into Movies" do igualmente sedutor "I Can Hear The Heart Beating As One" e "All Your Secrets" do mais recente "Popular Songs", são passadas pelo crivo acústico, não perdendo contudo a sua magia. No que diz respeito aos novos temas, (ambos interpretados por Ira Kaplan) oscilam entre a balada country em "Awhileaway" e "Rickety" mais aproximada da "canção-tipo YLT" que me levou a desejar por uma versão mais eletrificada da mesma.

Se dúvidas subsistiam no que diz respeito à sua diversidade estilística, critério de escolha de versões e fundamento nas edições discográficas (quiçá nos apreciadores mais recentes), este disco dissipa-as completamente, pois sempre foi assim que os Yo La Tengo regiram a sua carreira e sempre se deram bem.