Esta necessidade de criar uma lista dos melhores discos de cada ano tem muito que se lhe diga, mas levaria a uma dissertação que no final resume-se a um critério pessoal e a determinados factores que influenciaram as escolhas, e além do mais, ninguém gosta de ler textos extensos na net.
Eleger o melhor do ano é tarefa que tenho vindo a evitar e este ano não é excepção, muito embora o mais forte candidato fosse "Holding Hands With Jamie" dos Girl Band. Prefiro resumir um ano de edições musicais a uma quantidade de discos que ouvi amiúde com satisfação e basicamente é isso que conta. Muitos ficaram de fora desta lista de 40 registos, derivado a vários factores e quem sabe, poderão vir a seduzir os meus ouvidos no futuro.
Apesar das inúmeras horas passadas a ouvir os lançamentos de 2015 (acreditem, foram muitas!) é óbvio que muito ficou por descobrir, mas esse questão é a mesma de todos os anos. Sem mais delongas apresento-vos por ordem alfabética os tais "Melhores de 2015" acrescidos de uma pequena resenha e link para a sua audição na esperança que vos desperte o interesse.
Como espécie de bónus adicionei uma mixtape assente em 20 faixas representativas dos tais 40 registos. Ficam os votos de um bom ano, claro está, repleto de boa música!
01 - Blacklisters - "Adult"
Segundo álbum desta formação de Leeds com uma sonoridade noise-rock ao nível do melhor Jesus Lizard e Pissed Jeans. Produção a cargo de MJ dos Hookworms.
02 - Built To Spill - "Untethered Moon"
Regresso em grande forma da banda liderada por Doug Martsch, Quiçá um pouco mais pop mas sempre com aquela qualidade que lhes é reconhecida.
03 - Christian Fitness – "Love Letters In The Age Of Steam"
Christian Fitness é o alter-ego de Andrew Falkous, mentor de bandas como os Mclusky e Future Of The Left. Quem as conhecer já sabe o que a casa gasta!
04 - Conduct - "Fear and Desire"
Perante um disco que foi gravado por Steve Albini e masterizado por Bob Weston, membros dos Shellac, é óbvia a sua influência neste disco mas "Fear and Desire" é muito mais que simples devoção.
05 - Death And Vanilla - "To Where The Wild Things Are"
Terceiro registo deste duo sueco que combinam de forma exemplar exótica, krautrock, library music, bandas sonoras vintage, dream pop ou se preferirem, a banda perfeita para matar saudades dos Stereolab e Broadcast.
06 - Destruction Unit - "Negative Feedback Resistor"
Se algo ainda ficou de pé após a devastação do anterior "Deep Trip", este novo registo tratou de reduzir tudo a cinzas dada a sua carga demolidora.
07 - Disappears - "Irreal"
Art-rock negro, denso e claustrofóbico com elementos da No Wave, Post-Punk e industrial. Não é de fácil assimilação mas ainda bem que assim é.
08 - Enablers - "The Rightful Pivot"
Descrever o som dos Enablers não é uma tarefa que se toma de ânimo leve dada a sua complexidade sonora. Carreguem no link abaixo para confirmar como eu tenho razão.
09 - Föllakzoid - "III"
Os psicadélicos chilenos voltam à carga com mais uma valente dose de música tripante. Estão prontos para entrar noutra dimensão?
'Bora lá ouvir!
10 - Girl Band – "Holding Hands With Jamie"
As expectativas eram elevadas mas banda irlandesa confirmou em pleno, tanto em disco como ao vivo, que possuem talento, criatividade e energia mais do que suficientes para os seguirmos atentamente num futuro que aparenta ser bastante promissor. Brutal!
'Bora lá ouvir!
11 - Jacco Gardner - "Hypnophobia"
O holandês investe numa pop psicadélica barroca com uma dose experimental q.b. em canções que ficam facilmente na memória.
'Bora lá ouvir!
12 - Krill - "A Distant Fist Unclenching"
Terceiro e infelizmente o derradeiro registo desta formação de Boston. Não tarda surgirão bandas a revelar a sua influência.
13 - La Luz - "Weirdo Shrine"
Surf-pop, harmonias sacadas às girls groups de 60 e uma costela garage são os condimentos necessários para criar um disco estimulante.
14 - Lair – "Test"
Segundo álbum deste desconhecido duo que funde diversas vertentes de uma forma experimental, mas cujo resultado final surge como um todo homogéneo. Confusos?
15 - Leon Bridges - "Coming Home"
Basicamente basta descrever este disco debutante como o melhor registo soul deste ano.
16 - Lonelady - "Hinterland"
Espécie de tributo à sua Manchester, Julie Campbell elabora um disco cimentado no catálogo da Factory e nos movimentos pós-punk e mutant disco de finais de 70 mas com um toque de modernidade.
17 - Mbongwana Star – "Mbongwana Star"
Combinação dos ritmos congoleses com eletrónica poderá soar algo estranho mas graças à produção de Doctor L., este disco com membros dos Staff Benda Bilili resulta em pleno.
18 - Metz - "II"
Porventura não tão impactante quanto o registo debutante, mas igualmente devastador.
19 - Mikal Cronin - "MCIII"
Desta feita Cronin coloca tudo no assador, seja em termos de diversidade sonora, em arranjos e produção e o resultado é deveras satisfatório.
20 - Minami Deutsch – "Minami Deutsch"
Banda japonesa cria um disco puramente kraut e soa uma maravilha. Daqueles que apetece colocar em modo repeat. Moca!
21 - Modest Mouse – "Strangers To Ourselves"
Oito anos volvidos os Modest Mouse regressam em forma embora com um disco algo desigual mas ainda assim com um número suficiente de boas canções para figurar nesta lista. Além disso já tinha saudades de Brock e companhia!
'Bora lá ouvir!
22 - OST – "The Man From U.N.C.L.E."
Quiçá fruto da minha recente devoção a bandas sonoras de culto, não resisti em colocar este disco composto por Daniel Pemberton que honra os grandes nomes do género como Morricone, Schifrin, John Barry e até David Holmes.
23 - PINS – "Wild Nights"
O segundo registo das PINS revela uma maior maturidade sonora vagueando por terrenos comuns às Vivian Girls e aos Duke Spirit.
'Bora lá ouvir!
24 - Pope - "Fiction"
Recuperadores de uma certa estética lo-fi dos anos 90, o disco de estreia dos Pope não é um poço de originalidade mas possuí temas que, para quem cresceu com este som, ainda seduzem e convencem estes ouvidos.
'Bora lá ouvir!
25 - Protomartyr – "The Agent Intellect"
Ao terceiro registo esta banda de Detroit eleva a fasquia e cria o seu melhor registo até à data, revelando um aprimorar na sua construção musical e letras existencialistas.
'Bora lá ouvir!
26 - Salad Boys – "Metalmania"
Herdeiros da sonoridade da Flying Nun e do indie rock americano dos 80, estes neozelandeses foram uma das melhores surpresas deste ano.
'Bora lá ouvir!
27 - Shopping – "Why Choose"
Segundo álbum deste trio londrino repleto de ritmos punk-funk com uma atitude politizada. A revolução também pode ser uma festa!
28 - Sleaford Mods - "Key Markets"
Não existem grandes mudanças em relação ao anterior "Divide & Exit", uma produção mais aprimorada, batidas mais refinadas mas não é preciso mexer muito numa fórmula vencedora.
29 - Someone Still Loves You Boris Yeltsin - "The High Country"
Mais rock do que é usual nesta banda mas sempre com a pop a pontuar as suas canções, numa carreira que conta já com cinco discos merecedores de atenção.
'Bora lá ouvir!
30 - Songhoy Blues – "Music In Exile"
O desert blues do Mali numa luta acesa com a tradição blues/rock americana, pincelada com ritmos funky. Quem ganha é o ouvinte!
'Bora lá ouvir!
31 - Spray Paint - "Punters On A Barge"
Os texanos Spray Paint são dignos herdeiros de uma geração de bandas underground americanas dos 80 cujo legado pode ser apreciado neste disco.
32 - The Lucid Dream - "The Lucid Dream"
Por entre tanto revivalismo psicadélico, os The Lucid Dream revelam-se como uma banda que não pretende meramente imitar, mas acima de tudo, evoluir, algo que se faz notar neste segundo álbum.
'Bora lá ouvir!
33 - The TeleVibes – "High Or Die"
Banda que aos poucos tem vindo a conquistar alguma notoriedade no povoado cenário indie americano, editam o primeiro disco que espremido resulta num ep do caraças!
'Bora lá ouvir!
34 - Thee Oh Sees - "Mutilator Defeated At Last"
Disco mais musculado que o anterior "Drop" e digno sucessor do poderoso "The Putrifiers II". Como diria o homem da Regisconta a banda de John Dwyer é "aquela máquina!"
'Bora lá ouvir!
35 - Tijuana Panthers - "Poster"
Limparam alguma da sujidade habitual no seu som e criaram um conjunto de canções que saltita entre o garage, o surf, o punk e a pop.
'Bora lá ouvir!
36 - TRAAMS – "Modern Dancing"
Mais um disco produzido por MJ dos Hookworms (não foi propositado!) desta feita o segundo álbum deste trio inglês cujas coordenadas sonoras apontam para várias direcções dentro do espectro indie-rock.
'Bora lá ouvir!
37 - Twerps - "Range Anxiety"
Este é daqueles que cola logo à primeira e felizmente não acaba por enjoar. Um belo disco pop desta formação australiana.
'Bora lá ouvir!
38 - Ultimate Painting - "Green Lanes"
Nem um ano volvido, Jack Cooper (Mazes) e James Hoare (Veronica Falls) voltam ao ataque com as suas melodias simples mas devera eficazes.
'Bora lá ouvir!
39 - White Reaper - "White Reaper Does It Again"
Outro registo que aguardava com ansiedade, a estreia dos White Reaper é uma fusão de garage-punk-rock com refrões orelhudos e teclados New Wave.
'Bora lá ouvir!
40 - Yo La Tengo - "Stuff Like That There"
Espécie de continuação daquele irresistível "Fakebook" (1990) no qual a banda desliga-se um pouco da eletricidade para recriar alguns dos seus temas, apresentar novas canções, e claro está, desbundar umas quantas versões como só eles sabem fazer.
'Bora lá ouvir!
Bónus Mixtape