quarta-feira, janeiro 27, 2016
Sea Pinks - "Soft Days"
Liderados por Neil Brogan, outrora elemento dos Girls Names e membro dos CRUISING, os Sea Pinks editam "Soft Days" o seu segundo álbum como um trio (Steven Henry e Davey Agnew no baixo e bateria respetivamente), após 3 registos caseiros nos quais Brogan assumiu toda as tarefas musicais.
"Soft Days" é assumidamente um disco pop, cuja inspiração maior remete para a década de 80 através de bandas seminais como os The Smiths, The Go-Betweens, Felt ou para a vaga C86, num disco coeso, pleno de simplicidade e bom gosto, com uma produção básica que assenta na perfeição nas onze canções que o compõem.
Com a cadência jangle a imperar na maioria dos temas, a espaço detetamos rasgos de power-pop ("Keep Running") e até de surf-pop ("Yr Horoscope" poderia ter sido assinada pelos Two Wounded Birds), com a voz sempre melodiosa de Brogan a debitar histórias na sua maioria sobre relações amorosas num timbre que alterna entre o Tim Wheeler dos Ash ou um Billy Bragg com menos sotaque.
Num disco que não aspira a ser mais que um bom conjunto de canções, um objetivo alcançado com distinção, "Soft Days" tem o condão de soar bastante familiar sem no entanto descambar para o plágio ou mera devoção, revelando isso sim, qualidades mais do que suficientes para conquistar mesmo o ouvido mais rotinado nestas andanças do indie-pop.
segunda-feira, janeiro 18, 2016
Parlor Walls
Tendo em conta o ritmo mais lento nas edições discográficas quando um novo ano se inicia, aproveito esta oportunidade para destacar os Parlor Walls, um trio sediado no efervescente bairro de Brooklyn, composto por Alyse Lamb que lidera os recomendáveis EULA na voz e guitarra, a saxofonista Kate Mohanty e o multi-instrumentalista Chris Mulligan que conjuntamente com Alyse conduzem a editora e plataforma artística Famous Swords.
Rotulam a sua sonoridade de Trash Jazz, na qual elementos da No Wave, do rock experimental e do pós-punk, convivem com a improvisação jazzística, podendo o resultado dessa fusão ser escutado e descarregado através dos ep's Parlor Walls (2014) e o mais recente Cut (2015). Se no primeiro registo a banda procurava criar uma identidade própria, "Cut" é a prova de estarmos perante uma banda que tenta fugir aos clichés dos géneros mencionados mas que no entanto não tenta forçar a barreira do experimentalismo só para soar original. Porventura a veia um pouco mais convencional que Alyse explora nos EULA conduza-os a não descurar a questão da criação de canções onde elementos mais melódicos casam perfeitamente com essa vertente mais difícil de assimilar para o ouvido comum.
Em diversos momentos sou levado a recordar o "Past Life Martyred Saints" de EMA ou a descobrir ambiências comuns aos Esben & The Witch, derivado tanto ao registo vocal de Alyse como a um certo negrume e uma tensão nervosa latente que paira sobre estes temas. Sem soar a chavão (mas que não deixa de o ser), fica a frase usual neste tipo de artigos: uma banda a seguir atentamente no futuro.
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