Por esta altura as edições sucedem-se a um ritmo impressionante e eu tento não perder a passada. Já sabem que podem ouvir parcial ou totalmente clicando nos títulos dos discos. Siga!
The Buttertones - "Midnight In A Moonless Dream"
Esta pandilha californiana retorna um ano após "Gravedigging", sonho húmido para fanáticos de noites de Halloween. Desta feita, inclinam-se mais para o thriller de acção, de preferência a preto e branco, com óptimos resultados. As referências vagueiam tal como no anterior, entre o surf-noir, os Cramps, Gallon Drunk, Flaming Stars, Scientists, Nick Cave, Gun Club, o mestre Morricone entre outros. Destaque para o saxofone, cada vez mais um elemento preponderante na sua sonoridade.
Big Ups - "Two Parts Together"
Cotados como uma das bandas mais criativas do panorama post-hardcore, os Big Ups apresentam o seu terceiro longa-duração e como seria de esperar não desiludem. Um constante balançar entre partes agressivas e outras mais tranquilas, com piscadelas de olho ao math-rock e às melodias imprevistas dos Pinback ou June of 44.
Hit Bargain - "Potential Maximizer"
No seguimento de diversas bandas com costela punk irritadas com a administração Trump, mas que não se ficam pela repetição de clichés do género (Downtown Boys, Priests), os Hit Bargain são mais um belo exemplo a adicionar a esta nova vaga. Nas suas fileiras militam elementos dos Pains of Being Pure At Heart, Cold Beat, These Are Powers , North Highlands e Beach Fossils.
ILL - "We Are ILL"
Estreia em grande desta banda feminina oriunda de Manchester, cuja sonoridade arty-punk-funk remete para as Slits, Kleenex, Delta 5, X-Ray Spex com um dose extra de saudável loucura / experimentação e cujo teor lírico é bem evidente porque razão destaquei o facto de serem mulheres no inicio este parágrafo.
Landing - "Bells In New Towns"
Os Landing já andam nestas andanças vai para 20 anos e curiosamente só agora (creio eu) tomei conhecimento da sua existência. Este registo de espinha dorsal psicadélica, deriva com facilidade e surpreendente qualidade para outros territórios onde figuram bandas tão estimulantes quanto os Yo La Tengo, Low, Bardo Pond, My Bloody Valentine, Blonde Redhead, Cranes entre outros.
Malphino - "Visit Malphino"
Mais um exemplo de que a cumbia está em alta é a estreia desta misteriosa formação sediada em Londres, que acrescenta uma boa dose de exótica neste refrescante cocktail sonoro ideal para noites quentes de Verão.
Parquet Courts - "Wide Awake"
Se "Human Performance" a estreia na mítica Rough Trade não me convenceu, dois anos volvidos, os Parquet Courts surgem com as baterias recarregadas e apesar de não se desviarem da sua usual sonoridade post-punk (o que é bom!), não se escusam em abrir mais o leque de influências a outras paragens.
Lawn - "Blood On The Tracks"
Na senda dos registos de estreia editados este mês, neste caso em cassete, eis mais um exemplo a cargo da dupla Lawn, sediada em Nova Orleães, da qual é parte integrante o baixista/vocalista de nome tão luso Rui de Magalhães. Tanto é jangle-pop como post-punk, tanto é Feelies como Flaming Groovies, Television, Jonathan Richman ou Women.
The Sea And Cake - "Any Day"
Novo registo desta veterana banda de Chicago que ao longo de uma carreira com um quarto de século de existência, não se desvia da sua fórmula sonora assente numa pop onde coabitam a melodia e a componente experimental com apontamentos folk e jazz. "Any Day" não sendo o melhor da sua discografia, inclui inúmeros momentos de alto quilate como "Cover The Mountain" ou "I Should Care".
Varsity - "Parallel Person"
O segundo álbum dos Varsity, é um exemplo perfeito para servir de banda-sonora a umas férias com sol e praia à mistura, graças às suas melodias indie-twee-pop com a dose certa de melancolia para contrabalançar o excesso de açúcar. Não é por acaso que já os inclui numa "Summer Mixtape"!
Terra Pines - "Terra Pines"
Provenientes de Brisbane na Austrália, o trio Terra Pines acaba de editar o seu poderoso homónimo disco de estreia que pode ser descarregado gratuitamente. A própria banda descreve a sua sonoridade de grungegaze e sludgepop, algo com o qual facilmente concordamos e louvamos.
Yonatan Gat - "Universalists"
Um dos discos mais bizarros que tive o prazer de ouvir neste ano é sem dúvida este "Universalists" da autoria de Yonatan Gat (Monotonix), uma preciosa fusão de noise-math-rock com surf, flamenco, inúmeros samples retalhados, colaborações vocais, contribuições de várias partes do globo, num todo que se revela deveras entusiasmante.
Just Mustard - "Wednesday"
Uma das maiores surpresas deste corrente ano são os irlandeses Just Mustard com o seu disco debutante "Wednesday", mescla de noise-rock e shoegaze com uma produção crua à Albini, uma tensão latente presente em todas as faixas e a espaços a recordar os seus conterrâneos Girl Band.
Tracyanne & Danny - "Tracyanne & Danny"
A colaboração entre Tracyanne Campbell, a encantadora voz dos Camera Obscura e do seu amigo Danny Coughlan dos Crybaby, é o primeiro registo sonoro após o inesperado falecimento de Carey Lander, outrora baixista da banda escocesa e melhor amiga de Tracyanne. Phil Spector, cancioneiro Bacharach, Velvet Underground, Nancy & Lee, soul-pop são alguns dos ingredientes deste cativante disco com produção de Edwyn Collins.
Lithics - "Mating Surfaces"
O rótulo post-punk que amiúde é usado possui uma abrangência tal que por vezes já nem sei ao certo onde começa e termina mas no caso dos Lithics é sem dúvida bem empregue. "Mating Surfaces" é um disco conciso, sem gorduras, com a dose certa de funk e ruído sacado da No Wave.