Quiçá o disco de estreia mais aguardado deste ano (pelo menos para mim) "Holding Hands With Jamie" surge finalmente após vários ep's e singles que revelam a progressão desta banda irlandesa cujo percurso parte de uma sonoridade devedora dos Nirvana (fase "Bleach") para culminar num pós-punk bastante ruidoso de contornos industriais ao qual não se escusam de adicionar batidas tecno e cacofonia No Wave.
Diria que o maior trunfo dos Girl Band alicerça-se em criar dinâmicas que surpreendam o ouvinte, e numa altura em que parece que nada mais há a inventar em termos musicais, é com imenso agrado que ao ouvir vários temas neste disco fico espantado perante certas derivações e detalhes dos quais não estava à espera, seja através da bateria que amiúde escapa do seu conceito habitual, da guitarra a soar a um berbequim ou da forma de cantar de Dara Kiely que varia entre um tipo a tender para o ébrio a fazer um frete e a balbuciar palavreado inconsequente para num ápice desatar num berreiro desenfreado e descontrolado, como que irritado com o mundo por simplesmente a manteiga não ser de boa qualidade!
Detalhe deveras importante neste disco assenta igualmente na produção levada a cabo pela banda, aumentando e diminuindo determinadas pistas na mistura criando uma atmosfera sonora que assemelha-se a uma captação perdida num qualquer armazém abandonado com o espirito dos Einsturzende Neubauten a assombrar a gravação.
De exemplos estrepitosos mais recentes como os Yvette, Metz e Blacklisters, passando pelo experimentalismo dos Liars e Battles, até ao rock semi-industrial dos Big Black, Swans e Cop Shoot Cop, sem olvidar o registo vocal de Mark E. Smith e David Yow, tudo isto é detetável neste registo mas conjugado de uma forma criativa cuja audição requer alguma insistência (para os ouvidos mais sensíveis) revelando-se verdadeiramente compensadora no final.
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