Com um notório crescendo de popularidade, o qual foi evidente na sua passagem pelo Indouro Fest (2015), o trajeto dos gauleses Limiñanas tem sido trilhado desde 2009 assente numa sonoridade onde cabem os Velvet Underground e os seus descendentes The Jesus & Mary Chain, Serge Gainsbourg, 60's garage-rock de contornos psicadélicos, bandas-sonoras vintage e essências de world music, não se escusando para tal em utilizar diversos idiomas (francês, inglês, espanhol, italiano) ou optar por instrumentais para melhor explorar o seu som. "Malamore" não se afasta destas premissas muito embora denote uma banda mais focada em não se desviar tanto da sua rota como no anterior "Costa Blanca".
Como é habitual a influência cinematográfica é algo de que a banda não abdica e o espectro de Morricone, Bacalov e John Barry entre outros, paira em temas como "Athen I.A.", "El Sordo" e "Paradise Now", este último a dever muito a "Midnight Cowboy". Confesso uma preferência vocal pelos temas francófonos em particular pelo tom narrativo de Lionel de que são exemplo "El Beach", "Prisunic" com um teclado irresistível e "Kostas" adornado por um bouzouki. Na vertente feminina destaque para a balada sensual "Garden of Love" a cargo de Marie com o baixo de Peter Hook a dar um colorido mais pop, e o acelerado "Dahlia Rouge". Os restantes temas interpretados em inglês "Malamore" e "The Dead Are Walking" perdem algum impacto quiçá por uma questão de sotaque.
Para o final fica reservada a cereja no topo do bolo na forma de uma vertiginosa viagem de comboio de seu nome "The Train Creep A-Loopin" com um infernal Wah-Wah a conduzir uma locomotiva auxiliada pelo multi-instrumentalista Pascal Comelade com os quais a banda editou o ano transacto o recomendável "Traité de Guitarres Trioléctiques". Trés bon!
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