Conforme prometido no texto introdutório do mês anterior publicar uma lista de sugestões auditivas, apresento-vos o apanhado do mês de Fevereiro na esperança que desperte o vosso interesse. Já sabem que os textos são telegráficos e que clicando nos títulos dos discos os poderão apreciar parcialmente ou na integra. Enjoy!
Kal Marks - "Universal Care"
Terceiro registo deste trio de Boston que não me canso de elogiar. "Universal Care" não altera muito as coordenadas sonoras que a banda tem vindo a seguir, num disco onde porventura figuram os temas mais agressivos e intimistas do seu cancioneiro e no qual a voz singular de Carl Shane abre ainda mais o leque.
Anna Burch - "Quit The Curse"
Cativante disco de estreia de Anna Burch outrora elemento das obscuras bandas Frontier Ruckus e Failed Flowers. "Quit The Curse" é um disco sobre relações e em termos sonoros remete para um indie com escola na década de 90 (Liz Phair, Helium, Cranberries, That Dog).
Chemtrails - "Calf Of The Sacred Cow"
Mais um álbum de estreia, deita feita pelos londrinos Chemtrails praticantes de um enérgico garage-noisy-power-pop no qual sobressai a combinação vocal dos seus elementos femininos.
Holy Motors - "Slow Sundown"
Do mestre Morricone passando pelo universo Lynchiano, do alt-country dos Cowboy Junkies ao dream-pop vagaroso dos Mazzy Star, sem esquecer umas pitadas shoegaze da escola Slowdive, assim se pode resumir o disco de estreia dos estónios Holy Motors.
Shannon & The Clams - "Onion"
Ao quinto álbum os Shannon & The Clams decidem entregar-se a Dan Auerbach (Black Keys) que os contratou para a sua Easy Eyes Sounds, produziu "Onion" no seu estúdio e ainda os convidou para partilhar datas em digressão. Nota-se que algumas arestas foram limadas e o som enriquecido mas felizmente a banda mantêm o seu charme habitual.
James Hunter Six - "Whatever It Takes"
Novo registo do veterano britânico James Hunter cuja carreira sofreu um valente empurrão graças à sempre atenta Daptone. Este contagiante registo balança entre a vintage soul, o R&B e o northern soul com uma produção cinco estrelas.
Orielles - "Silver Dollar Moment"
Disco no qual a imprensa depositava grandes expectativas, a estreia em longa-duração do trio Orielles resulta num revisitar da sonoridade baggy tão em voga na febre da Madchester, aliada a um indie-pop fornada C-86, disco/funk, britpop clássico, num todo que soa revigorante na maioria dos temas mas que a meu ver ainda precisa de elaborar melhor as suas inúmeras ideias.
Insecure Men - "Insecure Men"
Após ter sido convidado a sair dos Fat White Family por questões relacionadas com o seu vicio, Saul Ademczewski tratou de se desintoxicar e regressou às lides musicais com o seu amigo e membro dos Childhood, Ben Romans-Hopcraft como Insecure Men, um projecto que possui vários pontos em comum com os FWF mas aos quais se adiciona uma maior propensão pop, elementos de exótica, synthpop dos 80 e pinceladas de banda-sonora de filme foleiro graças à inclusão do saxofone e por estranho que pareça, resulta muito bem.
Sunwatchers - "II"
Disco abertamente politico como se pode constatar facilmente pela capa e cujas vendas reverte a favor de associações de defesa dos direitos humanos, o novo registo deste colectivo sediado em Brooklyn tem free-jazz, no wave noise, pormenores étnicos e ondas psicadélicas, não sendo obviamente um disco de fácil assimilação, vale a pena o esforço.
Mamuthones - "Fear On The Corner"
De acordo com o press-release este disco assenta em dois importantes registos "Fear of Music" dos Talking Heads e "On The Corner" de Miles Davis. Que conseguiram captar a sua influência não duvido, contudo por entre wah-wahs psicadélicos, percussões étnicas, motorik, e electrónica a tender para o disco a banda italiana acaba por soar aos Can cruzados com Six Finger Satellite, o que não deixa de ser entusiasmante.
Totally Mild - "Her"
"Her", segundo álbum deste quarteto australiano liderado pela voz cristalina de Elizabeth Mitchell, navega em águas pop seja mais sonhadora ou direta ao bater do pé. Apreciadores de Alvvays, Headlights e Camera Obscura podem e devem picar aqui o ponto.
Imarhan - "Temet"
Após a estreia auspiciosa em 2016, os argelinos Imarhan retornam com um fulgurante novo disco assente na sua nativa sonoridade Tuareg à qual adicionam vários elementos como funk, disco e rock com um fuzz psicadélico irresistível.
Phobophobes - "Miniature World"
Após alguns anos atribulados com várias alterações de membros e até o falecimento de um deles, os londrinos Phobophobes editam finalmente o seu álbum debutante. A sua descrição é algo complexa dado estarmos perante mais um caso de pop esquizofrénica com pitadas de surf, glam e post-punk com um sentido de humor sarcástico. A descobrir com urgência!
Sem comentários:
Enviar um comentário