quarta-feira, fevereiro 03, 2016
Fat White Family - "Songs For Our Mothers"
Os Fat White Family são uma banda de drogados (eles próprios admitem!) com uma sonoridade difícil de catalogar, um sentido de humor deveras peculiar (basta atentar ao titulo deste disco) e cuja pretensão é agitar consciências ao invés de alcançar uma notoriedade que os posicione num horário nobre de um qualquer mega-festival.
"Songs For Our Mothers" é o aguardado sucessor do indefinível registo de estreia "Champagne Holocaust" (2013) que colocou esta bizarra banda nas bocas do mundo graças às suas canções pouco convencionais, vídeos a tender para o chocante e atuações ao vivo a roçar o caótico. Tudo bons indícios portanto, para que este novo disco criasse algum burburinho quanto ao que esta rapaziada seria capaz de elaborar e verdade seja dita, os Fat Whites não só corresponderam às expetativas como tornaram-se ainda mais inclassificáveis.
Apesar de terem melhores condições de gravação, a banda apostou novamente numa produção a tender para o caseiro, contudo, teve mais tempo para explorar em estúdio algo que é notório através da inclusão de vário instrumentos pouco usuais e em extrair sons atrofiados das suas guitarras (por vezes sou levado a pensar que estão verdadeiramente desafinadas!).
"Whitest Boy On The Beach" tem as honras de abertura e não podiam começar melhor com este cruzamento de Suicide, Silver Apples e Clinic. "Satisfied" avança com caixa de ritmos, toada glam, guitarras dissonantes e por momentos dou por mim a pensar nos Tones On Tail. "Love Is The Crack" soa a Thee Oh Sees quando tiram o pé do acelerador e tentam imitar os Beatles mergulhados em ácido, ao passo que a extensa "Duce" é toda uma missa fúnebre de contornos industriais digna do catálogo dos Swans.
"Lebensraum" assemelha-se a uma recriação do "Lonesome Town" de Ricky Nelson via Tom Waits, e a caixa de ritmos volta à carga em "Hits Hits Hits" para um menear da anca insinuante terminando em algo que os Primal Scream poderiam ser os autores. O ritmo motorik dá um ar da sua graça em "Tinfoil Deathstar", pincelada com teclados retro 60's e no final fica a impressão de ter escutado um cruzamento entre os Apse e os dEUS. Prosseguimos para um suposto clássico da Disney sob efeito de LSD e andamento de valsa em "When Shipman Decides" para de seguida entramos no inferno de "We Must Learn To Rise" e terminarmos em beleza com a acústica "Goodbye Goebbels", mais uma referência ao universo fascista que os mais incautos poderão não entender mas quem estiver ciente do quão subversivos os Fat White Family podem ser, acaba facilmente por esboçar um sorriso.
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