"The Album Paranoia" é o registo debutante dos Ulrika Spacek, um projeto idealizado por dois Rhys (Edwards e Williams) após uma temporada em Berlim. Regressados a Londres decidiram gravar na sua casa conjunta, uma antiga galeria de arte de seu nome KEN. O resultado dessa união revela uma banda (entretanto adicionaram mais três elementos) com uma sonoridade que vagueia entre o krautrock, o psicadélico, e o indie-rock.
A faixa de abertura "I Don't Know" ostenta desde logo a cadência motorik dos NEU! para mais à frente transformar-se num tema dos Deerhunter cruzado com os Moon Duo. "Porcelain" assina pelo mesmo diapasão com uma piscadela de olho aos Radiohead e aos TOY. O curto instrumental "Circa 1954" no qual o teclado fornece um colorido mais cinematográfico, abre caminho para "Strawberry Glue" uma tema com uma evidente costela shoegaze. A empolgante "Beta Male" explora os ritmos circulares dos Loop mas com mais melodia à mistura.
A iniciar a segunda metade deste disco temos os 7 minutos dopantes de "Nk" com uma cadência stoner a ajudar à missa com as guitarras em constante remoinho. Por sua vez "Ultra Vivid" é um belo exercício pop e uma vertente pela qual a banda poderá enveredar com sucesso. "She's a Cult" tem carimbo Sonic Youth e My Bloody Valentine, tal como "There's a Little Passing Cloud In You" revela um empolgante jogo de guitarras digno de um Television ou da juventude sónica entre as descargas mais ruidosas e a parte final mais melodiosa. "Airportism" é um mero remate num disco que exala uma banda com evidente bom gosto, cuja elaboração de canções assentes em ritmos repetitivos aos quais vão acrescentando camadas resulta bem mas tende a revelar-se um pouco óbvia e até preguiçosa. Diria que para disco de estreia não está nada mal, contudo acredito que poderão vir a fazer melhor num futuro próximo.
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