domingo, dezembro 15, 2013

Melhores 2013

Mais um ano prestes a findar e como é da praxe a lista dos melhores do ano surge em todo o seu esplendor. Talvez tenha sido um bom ano em termos de edições, talvez tenha sido menos rigoroso no meu critério, talvez tenha ouvido mais discos, seja qual for a razão, este ano a lista estendeu-se a 40 registos e alguns ficaram no banco de suplentes, assim como muitos ficaram por ouvir como é usual.
Num ano em que o underground americano fervilha de novas bandas e em que o psicadelismo está em alta, ainda assim, a escolha do melhor do ano recaiu sobre "Inform. Educate. Entertain" o álbum de estreia dos ingleses Public Service Broadcasting. Segue a restante lista por ordem alfabética acrescida de breves notas, aproveitando para esclarecer que "Light Up Gold" dos Parquet Courts, um forte candidato aos lugares cimeiros, figurou na lista de 2012, tendo sido reeditado este ano.
Como bónus temos uma mixtape a ilustrar uns quantos discos referenciados no fundo da lista.

01 - Public Service Broadcasting - "Inform, Educate, Entertain"
Uma banda que a meu ver soube conjugar de forma perfeita gravações áudio de vários arquivos públicos e complementa-las com uma banda sonora que tanto pisca o olho ao post-rock, ao krautrock, à electrónica sem soar pomposo ou demasiado arty, socorrendo-se de vários instrumentos e apenas com 2 elementos. Um disco singular.

02 - And So I Watch You From Afar - "All Hail Bright Futures"
Terceiro registo desta banda irlandesa. Rock matemático da melhor colheita. Provavelmente o maior motivo para lamentar não ter ido a Paredes de Coura este ano.

03 - Bass Drum Of Death - "Bass Drum Of Death"
Companheiro de carteira dos Wavves, Ty Segall e Thee Oh Sees, o lo-fi-blues-garage-punk-rock abrasivo que John Barrett nos presenteia com o seu segundo disco é digno de nota elevada.

04 - Big Deal - "June Gloom"
Ao segundo álbum o casal Kacey Underwood e Alice Costelloe refinam a sua sonoridade indie-pop (já temos bateria) devedora dos anos 90 ainda com muita simplicidade mas repleta de boas canções.

05 - Black Angels - "Indigo Meadow"
Com "Indigo Meadow" os texanos Black Angels tentam e a meu ver são bem sucedidos, em sair de um estatuto de banda de culto e e criam um disco mais acessível e provavelmente o seu melhor até à data.

06 - Bleached - "Ride Your Heart"
O disco de estreia das irmãs Jennifer e Jessica Clavin, outrora dos Mika Miko, possui uma sonoridade deveras familiar, no entanto conseguiram que soasse refrescante e aposto que deve resultar em pleno numa viagem de carro.

07 - California X - "California X"
De um fervilhante underground americano surge a estreia dos California X, com um pé no rock alternativo dos 80 e outro no rock mais clássico dos 70. Daqueles para ouvir bem alto!

08 - Charlie Boyer and The Voyeurs - "Clarietta"
Da mesma editora onde figuram os Toy e os promissores Temples, surge mais um nome da onda neo-psicadélica tão em voga. Esta descrição diz tudo: "Tom Verlaine (Television) fronting a psychedelic Velvet Underground".

09 - Destruction Unit - "Deep Trip"
Com uma carreira que remonta a 2000 e por onde passou o malogrado Jay Reatard, o novo disco dos Destruction Unit é um portento de noise-punk-psicadélico-cavernoso. Brutal!

10 - Dodos - "Carrier"
Só por terem composto "Confidence" já tinham um lugar assegurado nesta lista,  mas o restante cancioneiro é igualmente de valor.

11 - Fidlar - "Fidlar"
Lo-fi-garage-street-punk-rock sem tretas e direto ao assunto. A banda sonora ideal para uma noite de excessos.

12 - Follakzoid - "II"
Sempre atenta, a editora Sacred Bones foi ao Chile desencantar esta banda praticante do melhor cruzamento de kraut-space-psych-rock que ouvi este ano. Para avariar completamente a mioleira!

13 - Future of the Left - "How To Stop Your Brain In An Accident"
Este é daqueles que nem era preciso ouvir para saber que era bom. A marca Mclusky continua presente embora mais refinada. As letras persistem com o toque mordaz e as guitarras sempre a dar porrada da boa!

14 - Growlers - "Hung At Heart"
Revivalistas de um surf-pop mergulhado em ácido, o terceiro álbum dos Growlers não é muito original mas cria vício e não é pouco.

15 - His Electro Blue Voice - "Ruthless Sperm"
Banda italiana editada pela Subpop que deixa qualquer um K.O. tal a carga agressiva das suas músicas e letras, reminiscentes de uns anos dourados do rock alternativo em que a visceralidade imperava. Daquelas bandas que decerto fariam parte do catálogo da Touch & Go em qualquer altura.

16 - Hooded Fang - "Gravez"
Ao terceiro registo os canadianos Hooded Fang asseguram um lugar de mérito no universo indie-rock. "Gravez" por pouco não figurou no topo desta lista graças à sua mestria em combinar garage rock, surf, pop, algum psicadelismo, uma produção lo-fi e canções que colam com uma facilidade avassaladora.

17 - Hookworms - "Pearl Mystic"
Num ano em que o rock psicadélico esteve em grande, o disco de estreia desta banda de Leeds é mais um bom exemplo do que esta vaga tem produzido, e a comprova-lo está o lugar cimeiro na lista da Drowned In Sound.

18 - It Hugs Back - "Recommended Record"
Ao terceiro álbum os It Hugs Back infelizmente não vão sair do nicho de banda de culto (se é que o são), o que é de lamentar pois mereciam muito mais destaque. Se gostam de Yo La Tengo, tratem de os investigar.

19 - Kal Marks - "Life Is Murder"
Mais um bom exemplo do excitante underground americano, o trio Kal Marks concilia o melhor dos Modest Mouse e Shellac num registo com uma excelente produção. A voz primeiro estranha-se mas depois entranha-se.

20 - K-X-P - "II"
Bizarro projeto finlandês assente na eletrónica alemã dos 70, conjugada com prog, música medieval, post-punk e faixas direcionadas para a pista de dança.

21 - La Femme - "Psycho Tropical Berlin"
Easy-electro-pop-new-wave-surf com um toque que só os franceses possuem. O legado dos B-52's está bem entregue.

22 - Lovely Bad Things - "The Late Great Whatever"
Numa altura em que os Pixies regressaram aos originais, a meu ver é mais excitante ouvir estes adolescentes que não renegam a influência dos de Boston (podemos acrescentar os Superchunk e Blood On The Wall) do que viver na sombra do passado.

23 - Lucid Dream - Songs of Lies and Deceit
Banda que me agradou ver ao vivo em Fevereiro deste ano, contudo não estava à espera de um disco tão empolgante. As influências são óbvias e demasiadas para mencionar, mas o que conta no fim são as músicas, e essas são de uma categoria assinalável.

24 - Mazes - "Ores & Minerals"
Ao adicionar elementos do kratutrock (em particular a batida motorik) os Mazes criaram um disco pop mas com uma riqueza de texturas e uma complexidade rítmica que me deixou rendido.

25 - Melt Yourself Down - "Melt Yourself Down"
Espécie de super-grupo, o registo de estreia dos Melt Yourself Down é um explosivo cocktail de jazz, afro-beat, e punk-funk. Pensem em Mulatu Astatke, Fela Kuti, Pigbag e Liquid Liquid. Não é por acaso que foram buscar o nome a um álbum de James Chance and The Contortions...

26 - Mikal Cronin - "MCII"
Um ano em cheio para Mikal Cronin que deixa para trás a colagem ao nome de Ty Segall, para afirmar-se um compositor de canções cuja inspiração flutua entre os Dinosaur Jr., Lemonheads, Weezer entre outros, e acaba por ver o seu nome inscrito em diversas listas.

27 - Ovlov - "AM"
Os Ovlov são mais um bom exemplo do universo indie americano que tanto explorei este ano. O press release não engana: "OVLOV return listeners to the glorious days of Dinosaur Jr., My Bloody Valentine, Pixies, Hum, and Pavement while reaching within to create a unique sound that encapsulates the charm of destructive hooks and buzzing riffs with the honest delivery of Hartlett’s dazzling vocals."

28 - Pissed Jeans - "Honeys"
Quem conhece já sabe o que a casa gasta, quem nunca ouviu é bom que prepare os ouvidos. Melhoram a cada disco que passa e já lá vão 4.

29 - Psychic Ills - "One Track Mind"
Com uma década de existência, ao quarto álbum os Psychic Ills editam o mais acessível registo à data. No seguimento do anterior "Hazed Dream", o psicadelismo mantem-se mas agora é mais pausado, soalheiro, diria mesmo mais hippie mas sempre com uma boa dose narcótica.

30 - Scott & Charlene's Wedding - "Any Port In a Storm"
Liderados pelo australiano Craig Dermody que entretanto mudou-se para Nova Iorque e editou este estupendo disco com influências / semelhanças dos Modern Lovers, Feelies, Pavement, Real Estate, Soft Pack entre outros.

31 - Shannon & The Clams - "Dreams In The Rathouse"
Confesso que só este ano travei conhecimento com este curioso trio que combina sonoridades bem antigas com uma atitude muito punk e uma tendência para a galhofa. Acima de tudo é um disco divertido e dançável, ou seja, de festa!

32 - Summer People - "Burn The Germs"
Terceiro registo deste quinteto residente em Nova Iorque, cuja sonoridade remonta aos Birthday Party, Cramps, Scientists, passando pelos Gallon Drunk e 80's Matchbox B-Line Disaster.

33 - Veronica Falls - "Waiting For Something To Happen"
Sempre com um fraquinho por bandas seguidoras da sonoridade C86, a meu ver os Veronica Falls destacam-se nesse campeonato com mais um álbum de melodias que se cravam na memória. Atentem em faixas como "Teenage", "Broken Toy" e o irresistivel "Waiting For Something To Happen".

34 - White Manna - "Dune Worship"
O rock psicadélico novamente em alta com o segundo disco dos californianos White Manna. Moca garantida!

35 - Willy Moon - "Here's Willy Moon"
Provavelmente um flop para a editora (Universal) que terá visto no neozelandês um futuro ídolo pop com imaginário retro 50's. Willy resgata swing, blues, rock & roll e acrescenta-lhe uma roupagem moderna. Até o Jack White viu algo nele ao editar um single.

36 - Wire - "Change Becomes Us"
Não é bem um regresso mas mais um retorno ao passado, neste caso a material que nunca havia sido editado. Recrutaram o guitarrista dos It Hugs Back e à boa maneira dos Wire, criaram um disco com uma sonoridade atual sem nunca deixarem de soar a eles próprios.

37 - Wooden Shijps - "Back To Land"
Não existem grandes diferenças entre os Wooden Shjips e os Moon Duo nos quais figura o barbudo Ripley Johnson. O psicadelismo paira sobre todas as faixas, as influências são semelhantes, pode até soar tudo muito similar mas que sabe bem ouvir não restam dúvidas.

38 - Yo La Tengo - "Fade"
Impossível de superar obras-primas como "Electr-o-pura" e "I Can Hear The Heart Beating As One", no entanto esta malta nunca edita um disco mau. Confesso até que na abordagem inicial fiquei algo desconsolado mas após umas audições lá conseguiram convencer-me mais uma vez.

39 - Yuppies - "Yuppies"
Disco de estreia editado pela Dull Tools pertença de Andrew Savage dos Parquet Courts, com os quais partilham algo na sonoridade, mas os Yuppies entram por terrenos mais noisy próximos da No Wave e do pós-punk dos The Fall. Uma excelente surpresa.

40 -  Yvette - "Process"
Este duo que dá pelo curioso nome de Yvette editou um bizarro disco post-punk-industrial-noise deveras atrofiado mas que me deixou abismado. O exemplo mais aproximado serão os Liars.




suplentes:
Camera Obscura - "Desire Lines"
Fat White Family - "Champagne Holocaust"
Limiñanas - "Costa Blanca"
Palma Violets - "180"
Speedy Ortiz - "Major Arcana"