terça-feira, março 31, 2015

Föllakzoid - "III"


Hipnótico, psicadélico e tribal são alguns adjetivos empregues amiúde quando nos referimos ao som produzido pelos Föllakzoid, banda oriunda de Santiago do Chile que editou esta semana, (tal como o titulo indicia), o seu terceiro álbum pela consagrada editora Sacred Bones. Como é evidente, esses e mais alguns adjetivos funcionam na perfeição para descrever a sua sonoridade que fixa-se na eterna escola kraut, ou em bandas como os Hawkwind, White Manna, Wooden Shjips, e até The Hair & Skin Trading Company a título de exemplo. Quiçá o que tem levado o grupo chileno a conquistar um lugar de destaque no território cada vez mais populoso do rock psicadélico, estará alicerçado na herança da antiga música dos Andes levando a que as suas composições soem a autênticos mantras e para o comprovar surgem "Electric", "Earth", "Piure" e "Feuerzeug" as quatro extensas faixas (oscilando entre 10 a 12 minutos de duração), de "III".
Este novo disco é mais um exercício de exploração sonora através da incessante repetição de acordes, constante batida, vocalizações fantasmagóricas e efeitos electrónicos bizarros (cortesia de Atom TM), com vista a levar o ouvinte a entrar noutra dimensão, como que de um ritual se tratasse, e verdade seja dita, facilmente somos transportados para outra realidade, seja ela espacial ou transcendental. Garantidamente um disco "para avariar a mioleira!".

quinta-feira, março 26, 2015

LoneLady - "Hinterland"


LoneLady é o alter-ego de Julie Campbell, uma mancuniana cujo primeiro registo "Nerve Up" editado em 2010 escapou ao meu atento radar. 5 anos após o disco debutante, Julie regressa com "Hinterland", um álbum mergulhado no legado pós-punk da sua Manchester-natal mas também no punk-funk e mutant-disco de finais da década de 70, inícios de 80.
A sombra industrial, cinzenta, e melancólica da cidade que revelou ao mundo os Joy Division faz-se notar como que um fantasma do passado se tratasse, a que não será alheio a inclusão de elementos sonoros semelhantes aos incorporados em "Unknown Pleasures", contudo este "Hinterland" fixa-se no presente como um belo exercício de conjugação de inúmeras influências sem nunca soar datado.
Para além da banda de Ian Curtis, detetamos igualmente a marca dos A Certain Ratio, Liquid Liquid, Gang of 4, E.S.G., Talking Heads, Tom Tom Club, Maximum Joy, a vertente pop melodiosa das Luscious Jackson, sem olvidar a nova pop eletrónica de Lykke Li ou Grimes, resultando num disco dançável imerso numa atmosfera próxima do urbano-depressivo. Temas como "Bunkerpop", "Groove It Out", e "(I Can See) Landscapes" são exemplos de como pegar no legado do passado e transforma-lo em algo novo e excitante.

quinta-feira, março 19, 2015

The TeleVibes


Ultimamente a cidade de Boston tem sido citada como um autêntico viveiro de bandas mui recomendáveis e os The TeleVibes são mais uma a destacar-se graças à sua sonoridade pop psicadélica com muito surf-rock à mistura e uma forte componente garage-punk.
Com uma discografia assente apenas num ep (k7) e dois meros singles todos eles em formato digital e passíveis de serem descarregados legalmente, estou em crer que esta banda vai dar o salto muito em breve (se tal não acontecer anda tudo surdo). Se apreciam Ty Segall, Thee Oh Sees, Jay Reatard, Sonny & The Sunsets, Shannon & The Clams e uma boa surfalhada, para além dos soalheiros Beach Boys, então os The TeleVibes são definitivamente uma banda que devem investigar. Toca a curtir aqui!

terça-feira, março 17, 2015

Modest Mouse - "Strangers to Ourselves"


Após um hiato de 8 anos, os Modest Mouse regressam finalmente com "Strangers To Ourselves", um disco demorado e atribulado mas que no fim de contas soa precisamente à sucessão natural do injustamente mal-amado "We Were Dead Before The Ship Even Sank." Como grande apreciador da banda que sou, confesso que receava igualmente pelo pior, mas conforme os temas iam sendo apresentados em antecipação (6 no total) a crença de que este álbum seria digno da sua já vasta discografia, tornou-se uma certeza.

Neste período de tempo que medeia os álbuns, sucederam uma variedade de situações que levaram a este anormal atraso: Johnny Marr regressou a Inglaterra, o baixista Eric Judy abandonou a banda, as gravações tiveram 5 produtores envolvidos, Isaac Brock decidiu construir um estúdio para o refazer novamente pois não estava satisfeito, constantes digressões e as reedições de "This Is A Long Drive For Someone With Nothing To Think About" e "The Lonesome Crowded West". Todas estas circunstâncias levaram muito crítico e fãs a pensar que este novo disco soaria a uma manta de retalhos ou pior ainda, seria um flop de todo o tamanho.

Outra questão que envolve regularmente os Modest Mouse diz respeito à sua sonoridade que muitos agora vêm como comercial devido ao inesperado sucesso de "Good News For People Who Love Bad News" e ao facto de pertencerem a uma major. A meu ver é tudo uma questão de criatividade e mantenho a opinião que não os considero tão acessíveis quanto os The Shins ou Death Cab For Cutie (bandas do mesmo campeonato) e ao fim de uma carreira de 20 anos é natural que uma banda tenha os seus tiques sonoros, algo bem patente em "Strangers To Ourselves" mas que não é de censurar.

À exceção de 2 a 3 temas menos conseguidos (Pistol é uma trapalhada) existem inúmeros motivos de interesse para ouvir este disco e para voltar a ver os Modest Mouse como uma banda válida e não uma mera recordação do indie da década de 90 ou banda de um disco só, e para o comprovar, fica a promessa de que o irmão deste registo será editado assim que for possível.

quarta-feira, março 11, 2015

Pope - "Fiction"


Editado esta semana, "Fiction" é o álbum de estreia dos Pope, um power-trio oriundo de Nova Orleães apostado em recuperar uma estética lo-fi tão em voga no universo alternativo da década de 90, onde não faltam as referências aos Pavement, Sebadoh, Built To Spill, Seam, Les Thugs, Dinosaur Jr., Guided By Voices, só para citar algumas.

Com uma curta existência, os Pope, compostos por Matthew Seferian, Alex Skalany e Atticus Lopez, são mais uma das novas bandas norte-americanas filiadas numa vaga que assola o underground, a resgatar as sonoridades caseiras e a edição de cassetes e vinil em contraponto à tecnologia e produção topo-de-gama que impera nos dias de hoje, à qual não será alheia a coerência da portentosa editora Community Records, onde para além dos Pope abundam novos valores como os Caddywhompus, All People, New Lands ou Donovan Wolfington nos quais Seferian também colabora.

Banda que aparenta andar em constante digressão numa carrinha mal-cheirosa mas cujo intuito é tocar o mais possível, os Pope estreiam-se em bom plano com este notável "Fiction", repleto de fuzz, velocidade punk e melodia, uma receita empregue nas 12 curtas mas concisas faixas que preenchem este disco que pode ser descarregado aqui.

segunda-feira, março 02, 2015

The Trip (Psychedelic Sounds Vol.2)

Já disponível para audição o segundo volume da mixtape "The Trip" dedicada a sonoridades psicadélicas que partem dos anos 60 até à nova vaga de bandas da atualidade.