quinta-feira, agosto 27, 2015

Ultimate Painting - "Green Lanes"



Nem um ano volvido após a edição do homónimo registo debutante que lhes assegurou um lugar na minha lista dos melhores de 2014, Jack Cooper (Mazes) e James Hoare (Veronica Falls) voltam a unir esforços e editam "Green Lanes", um disco que segue a linha do anterior, assente numa pop relaxada, lânguida, simplista (no bom sentido) e até um pouco soalheira.

A marca do terceiro álbum dos Velvet Underground é por demais visível, à qual se adiciona a pop dos Kinks, os Teenage Fanclub sem distorção ou o jangle-pop dos Real Estate, resultando num disco descontraído,  melódico, que não se esforça em ser algo mais que um bom conjunto de canções nas quais os protagonistas vão revezando nas vozes ao bom estilo dos The Go-Betweens, assente numa produção básica o quanto baste. Por vezes as coisas mais simples são as mais eficazes.






quinta-feira, agosto 20, 2015

La Luz - "Weirdo Shrine"



Após o cativante cartão de visita "It's Alive" na cada vez mais influente Hardly Art, as La Luz retornam com "Weirdo Shrine", um disco que reafirma a paixão que a banda nutre pelo surf-rock, sem esquecer as harmonias das girls groups da década de 60 e um aproximar ao universo de bandas como as Vivian Girls, La Sera, Frankie Rose & The Outs e Chastity Belt.

Produzido por Ty Segall que assegura uma sonoridade retro que aposto deve soar uma maravilha em vinil, "Weirdo Shrine" é um disco marcadamente surf (Dick Dale, Link Wray, The Ventures) e sendo eu um admirador deste género, é com imenso prazer que escuto a reverberação e o seu dedilhar tipico conjugado com melodias adocicadas onde não faltam coros de "ooohhs" e "aaaaahhhs" e vários jogos vocais bem engendrados, por entre letras que refletem um estado de espirito por vezes mais amargo.

Entre temas mais languidos e outro mais acelerados, as La Luz construíram um disco coeso que resulta em pleno neste Verão que atravessamos através de uma sonoridade que remete de imediato para sol, praia, festa, bebidas tropicais e a ocasional paixoneta da época.


quarta-feira, agosto 12, 2015

Sleaford Mods - "Key Markets"



Após vários anos a tentar alcançar um lugar ao sol no panorama musical britânico, a dupla Sleaford Mods finalmente atinge com este "Key Markets" o reconhecimento devido com a sua simples fórmula de baixo, bateria e vocalizações sempre a colocar o dedo na ferida em terras de Sua Majestade.

Se o anterior "Divide And Exit" conseguiu catapultar a banda para outros patamares graças a temas tão contagiantes quanto "Tied Up In Nottz" ou "Tweet Tweet Tweet", este novo registo surge como um aprimorar da sua conjugação de batidas ritmadas e baixos gordos na senda de bandas punk-funk como as E.S.G. ou Delta 5, e o discurso sempre inflamado de Jason Williamson algures entre a poesia non-stop de John Cooper Clarke e a critica mordaz de Mark E. Smith dos The Fall.

Sempre corrosivo, Williamson vai dissertando sobre várias vertentes da realidade britânica, seja a nível politico, económico mas acima de tudo social, sempre com imensos palavrões à mistura e um humor que muitos não entenderão. "Key Markets" revela-se um disco com poucas diferenças em relação aos seus antecessores, contudo podemos descortinar um maior cuidado com a produção, na elaboração das batidas e até um esforço por parte de Williamson em cantar!

As referências a várias bandas e músicos, na maioria negativas, continuam a povoar as suas letras, desta feita os visados passam por Shakin' Stevens, Von Bondies, Jack White, Rocket From The Crypt, Puff Daddy, Two Door Cinema Club, Blur e Kate Bush, mas se alguém levar a mal, decerto sai mais um "fuck off".

Sintoma de que os Sleaford Mods alcançaram a primeira divisão musical são as recentes colaborações em discos dos Prodigy e Leftfield e atuações em horário nobre em vários festivais. Fica a questão de até quando a sua sonoridade irá prevalecer de forma tão minimal e sedutora. Até lá é desfrutar temas como o cáustico"Live Tonight", o panfletário "No One's Bothered" ou o contundente "In Quiet Streets".