quinta-feira, janeiro 18, 2007

Música Neutra

Pergunto-me se porventura existirá o termo "Música Neutra" para classificar bandas e artistas a solo que não sendo comercialóides também não encaixam na secção alternativa e que agradam a ambos os públicos. Exemplos: Prefab Sprout, Aztec Camera.

(Embora soe confuso não estou a falar de um tópico anteriormente debatido por aqui, se determinada banda deveria estar ou não classificada como alternativa.)

23 comentários:

os400golpes disse...

não me parece muito bem.

M.A. disse...

Isso de "música alternativa" é um rótulo que a indústria criou em inícios da década de 90. Como se pode chamar "alternativos" aos Nirvana ou aos Pumpkins, quando venderam milhões de discos.
Eu costumo chamar-lhe "música para quem gosta de música". E sou capaz de ouvir Mogwai e Animal Collective à 2ª feira, Stone Roses e The Smiths à terça, e Prince e Marvin Gaye à quarta. Tudo com igual prazer!

eduardo disse...

Se calhar devia mudar o tópico para "bandas acessiveis que não descambam".

Gravilha disse...

talvez; ou então algo do género
"bandas que vendem mas não se vendem".
O emusic tem uma categoria chamada "comercial alternative", mas quase tudo o que aparece na mesma, são gajos a imitar os coldplay, ou seja, é exactamente o contrário das bandas de que estás a falar - gajos que sob a pele "alternativa" querem facturar, mesmo que de facto não sejam genuinos e acreditem no que façam - é só porque acham que é uma porta de entrada para o mainstream.
Essas são as bandas "lobo com pele de cordeiro".
Eu cá acho que há muitas bandas acessiveis que não descambam, mas de facto nunca vendem muito apesar do potencial - é talvez uma questão de marketing ou de sorte. Por exemplo os Pernice Brothers, são acessiveis, mas não devem vender por aí além; acho que apenas lhes faltou um single orelhudo que servisse de rastilho.
Abraço,

Joe disse...

Eu diria que são bandas "pop vintage", que fizeram com paixão a música de que realmente gostavam, e fizeram-na muito bem. Como depois disso, por exemplo, (cada uma à sua maneira, e todas de maneira diferente das 2 que referiste) os Housemartins, os Luna, os Wedding Present, os Nada Surf ou N outras excelentes bandas. Todas, na devida altura, tiveram a atitude "alternativa" de pensarem por si e fazerem aquilo que queriam. A resposta do mercado, e até a forma como cada uma se conseguiu promover e conseguiu vender mais ou menos, é um aspecto secundário - pelo menos para mim, e creio que para a maior parte das pessoas cujos gostos musicais os fazem visitar regularmente esta chafarica :)

eduardo disse...

ainda bem que existe gente que me percebe!

JAP disse...

Esta é uma questão recorrente mas interessante: o exercício de arrumar a música na prateleira dos géneros é (quase) sempre complicado. E para dificultar as coisas, o que é verdade hoje deixa de o ser amanhã. Ocorrem-me sempre aqueles exemplos clássicos da música de feira (Abba, Bee Gees), fustigados na sua época e considerados hoje marcos incontornáveis. E será que é necessário fazermos o exercício?

::Andre:: disse...

"bandas que vendem mas não se vendem".

Isto é e sempre será subjectivo.

eduardo disse...

Lloyd Cole, Simple Minds, Inxs e Manic Street Preachers são mais quatro exemplos do que estou a tentar descrever. Tanto agradam a gregos como a tróianos.
Tanto passavam nos programas de rádio mais alternativos como nos mais comerciais na mesma altura.

Leonardo disse...

Ola,

creio que o "alternativo" foi uma cosa criada pela imprensa para "apresentar" bandas que não se encaixavam no rock que se escutava na época, a saber, o início dos anos 90. Não é parecido com o que está nas paradas? então é "rock alternativo", deve ter pensado eles. Daí vem que tantas bandas diferentes foram agrupadas no mesmo rótulo.

"Rock alternativo" só pode ser levado em consideração se houver um "rock tradicional", ou "mainstream" caso contrário, ele será alternativo ao quê?

Mas, ficando na discussão estritamente musical, "rock alternativo" não diz nada; pode ser qualquer coisa, tanto um power-pop do Teenage Fanclub quanto a pior das barulheiras do Sonic Youth. Talvez um dia, essas bandas consideradas do "rock alternativo" sejam as que mais toquem nas paradas e rádios, e daí, o que será considerado alternativo? o que é hoje "mainstream"?

eduardo disse...

Lembrei-me agora de mais um belo exemplo: James.

eduardo disse...

Como já foi discutido por aqui anteriormente, já se sabe que a linha entre uma e outra vertente é cada vez mais ténue, mas o que este post diz respeito não é sobre a divisão mas sim sobre uma convergência de gostos de ambas as franjas.
Isto é muito dificil de explicar e se calhar nem faz sentido nenhum este tópico que surgiu por eu ouvir tanto Prefab Sprout no trabalho, pois tanto me agrada a mimcomo não fere os ouvidos aos clientes.

Susana Cunha disse...

Depeche mode surte o mesmo efeito. Talvez seja uma questão de ser música feita para ser música, e não apenas um produto vendável. A mesma questão com filmes, livros, etc, é semelhante.

Joe disse...

é verdade que provavelmente o rótulo "alternativo", "independente" ou "de vanguarda" começou com a imprensa musical (estou a falar da 1ª metade dos anos 80, e da catalogação de bandas como os Cure, Bauhaus ou Smiths). Cá em Portugal, quando eu andava no liceu (há muuuuuito tempo!!) o pessoal dizia que gostava de "som da frente"... Mas onde eu quero chegar é a outro ponto: a partir de certa altura a indústria percebeu quu ser alternativo era uma etiqueta comercialmente interessante, porque já havia um mercado potencial de adolescentes a quem agradava serem vistos como diferentes. isto de inventar etiquetas não é feito completamente ao acaso - os ingleses que o digam, sempre a tentar arranjar nomes novos para a mesma tralha.
Claro que isto já tem pouco a ver com a questão de que o edu começou a falar... a não ser num aspecto: aquilo que é bom impõe-se independentemente de rótulos. Pavement não é bom por ser alternativo, nem o "Thriller" deixa de ser um disco brutal por ter vendido mais do que a Carolina Salgado (bom... se calhar estou a exagerar).

os400golpes disse...

isto é mesmo giro, mas Cena Neutra?

A- Então o que curtes?
B- Métal e tu?
A- Eu é mais Cena Neutra, tás a ver uma cena mais pop que Bloc Party, mas que não deixam ter músicas em spots publicitários porque não são uns vendidos comercialóides.
C- ... ou então não havia nenhum criativo por alguma agência a curtir o chato do Lloyd Cole, ou algum jornalista influente no NME, ou no Melody Maker a anunciar os Aztec Camera como a Next Big Thing.

Provavelmente o som dos Prefab Sprout é tão neutro como os suíços na política de guerra, ou os Housemartins como os sul-coreanos no design gráfico.

E o Daniel Johnston? De indie-lo-fi passou a comercialóide vendido ao aceitar a música na campanha da Optimus? Ou terá passado a um estatuto Cena Neutra?

eduardo disse...

O Daniel Johnston passou de gajo que canta mal como o caraças para um tipo que canta mal como o caraças mas com mais alguma pasta. Embora retardado como ele é nem deve dar conta que tem mais dinheiro.

Eu bem me parecia que este tópico não tinha razão de ser. é o que dá um tipo passar a vida no meio dos discos e depois já cria cenas imaginárias ou que só eu as entendo.

Bom dia e muito obrigado a todos pelo contributo!

os400golpes disse...

quando a tmn contratar uma agência que tem um criativo que conhece o jad fair ... vai ser mesmo fixe

eduardo disse...

Mais aterrador (no bom sentido) seria utilizar Cap N Jazz num anúncio.

os400golpes disse...

; )

Paulo disse...

será que eu sou o único que te entende? talvez por nunca saber onde arrumas os CD's. Ontem andava á procura de um CD dos "Waterboys" e pensei eu deve de estar no "Pop", não, no "Pop" não, devem de estar na "Alternativa", não, na "Alternativa" também não está...Há Já sei estão em cima do balcão na música "Neutra".

Um abraço

O Puto disse...

Não gosto muito do termo "neutra" quando aplicado a esse conceito musical. Que tal "ambígua"?
Que neura a neutra.

Shumway disse...

O Eduardo já disse tudo...é muito tempo passado com os discos...´

Não te preocupes - já me aconteceu o mesmo.

Susana Cunha disse...

Oh edu, desculpa-me voltar aqui tão atrás, mas tu não acreditas que o daniel johnston ganhou alguma pasta com aquilo da optimus, pois não? Nisto da publicidade, os direitos de autor vão praticamente todos para as editoras, são muito raros os casos em que se negoceia directamente com os autores e em que eles lucrem alguma coisa de significativo com isso.