sexta-feira, março 25, 2016
Mugstar - "Magnetic Seasons"
Com uma carreira que remonta a 2003, os Mugstar têm vindo gradualmente a angariar a reputação de uma das bandas mais criativas do espectro do psicadelismo deste século, mercê das suas performances ao vivo e de não se limitarem a copiar os baluartes do género. Muito embora a pegada dos Hawkwind e Pink Floyd seja evidente na sua sonoridade, fortes ecos dos krautrock fazem-se igualmente sentir, para além de riffs à Black Sabbath, ondulações típicas do denominado post-rock, a cadência de uns Spacemen 3 e semelhanças sonoras com os Föllakzoid ou Wooden Shjips.
Resultado de terem possivelmente mais tempo em estúdio, os de Liverpool não se fizeram rogados e editam desta feita o ambicioso "Magnetic Seasons" como um duplo álbum na Rock Action Records pertença dos escoceses Mogwai. Dada a qualidade técnica evidente dos seus elementos, os Mugstar aproveitam para expandir todo o seu potencial criativo (não confundir com virtuosismo técnico bacoco) ao longo de 9 faixas que alternam entre os 5 e 18 minutos de duração, nas quais empregam dinâmicas bem engendradas de forma a que os temas possuam uma fluidez natural mesmo picando o ponto em diversos territórios de que são exemplo " Unearth", "Flemish Weave" ou "Time Machine".
Mesmo sendo apreciador de temas que me transportam a outras dimensões, ainda assim a banda não consegue evitar uma certa saturação em particular na segunda metade do disco no qual a vaga cósmica está demasiado presente fazendo com que o disco vá perdendo fulgor até seu término com o xamânico "Ascension Island". Acredito que ao vivo esta vertente ganhe até outra vida mas em disco acaba por soar a mera desbunda na qual ninguém se atreveu a parar de tocar ou simplesmente a abrir os olhos. Quiçá resultará melhor sob o efeito de certas substâncias? Fico a aguardar o regresso a Portugal para tirar as dúvidas.
sexta-feira, março 18, 2016
Cavern Of Anti-Matter - "Void Beats/Invocation Trex"
Após a dissolução/hiatus indefinido dos seminais Stereolab, foi da parte de Laetitia Sadier que obtivemos mais novidades musicais, no entanto o seu ex-marido Tim Gane não deixou de estar ativo embora mais entretido com produções para bandas-sonoras e instalações sendo que de uma dessas experiências sonoras em Berlim onde atualmente Tim reside, resultou a formação de uma nova banda com a inclusão do ex-baterista dos Stereolab Joe Dilworth e do músico germânico Holger Zapf.
"Void Beats/Invocation Trex" surge no mercado após a edição de um mini-álbum e uns quantos 12" e revela uma banda que como seria de esperar possuí no seu ADN muito do que tornou a sua anterior banda um caso único mas explora igualmente outros territórios num disco algo extenso mas rico em pormenores ao qual não faltaram à chamada os colaboradores de longa data Sonic Boom e Sean O'Hagan.
"Tardis Cymbals" abre as hostilidades com os seus quase 13 minutos de duração conduzida pela batida motorik e eletrónica cósmica tão marcantes do movimento krautrock. Se a marca dos NEU! se faz sentir ao longo do disco, igualmente a eletrónica pioneira dos Kraftwerk tem um peso considerável e para tal basta atentar em faixas como "Blowing My Nose Under Close Observation" que pisca o olho a Afrika Bambaataa, "Insect Fear" e "Pantechnicon". O denominado electro dos anos 80 também dá um ar da sua graça em "Hi-Hats Bring The Hiss", "Echolalia" e belisca na EBM em "Void Beat".
"Melody In High Feedback Tones" poderia figurar em qualquer disco dos Stereolab dado o seu cariz mais pop e a pedir a voz de Laetitia, no entanto as poucas vozes que se fazem representar neste disco são de Bradford Cox (Deerhunter) em "Liquid Gate" um curto tema pop de contornos psicadélicos, e de Sonic Boom na leitura de um manifesto em "Planetary Folklore" um desvario cósmico com diversas manipulações vocais. Por fim não poderiam faltar as incursões ao território das bandas sonoras e library music em "Black Glass Actions" e a derradeira faixa "Zone Null".
Sem estar previsto Tim Gane volta a fazer parte de um grupo e pela amostra deste disco, estou em crer que será algo da qual retira imenso prazer em o fazer e quem ganha são os nossos ouvidos.
quinta-feira, março 10, 2016
Big Ups - "Before A Million Universes"
Após o bem recebido registo de estreia "Eighteen Hours of Static", os Big Ups oriundos de Brooklyn, retornam com "Before A Million Universes" na cada vez mais proeminente Exploding In Sound Records. Se no disco debutante a costela post-hardcore era por demais evidente, neste novo disco a banda revela uma maior diversidade sonora e uma dinâmica na construção dos seus temas que merece ser louvada.
Muito embora os Big Ups sigam a cartilha do género cujos fundamentos poderemos encontrar em inúmeras bandas da Dischord com os Fugazi na cabeça do pelotão, desta feita a banda tenta soltar-se das amarras dessa onda ao inclinar-se para o território dos Slint, Rodan, Unwound e até os primórdios dos June of 44, evitando a colagem demasiado óbvia a esta vertente.
Com uma abertura a pender para os Refused em "Contain Myself", desde logo os Big Ups desvelam os pilares em que este disco assenta: vocalizações entre o narrativo e a gritaria, dinâmicas de guitarra que ora soam melódicas ora explodem com todo o fulgor e uma secção rítmica que não se limita a seguir o texto tendo abertura para soltar-se quando é necessário. Acima de tudo, o que é manifestado neste disco é uma obra coesa, com uma produção sem mácula, a cargo de uma banda que pretende evoluir sem receio de fugir a certos clichés, bastando atentar em temas como "Posture", "Meet Where We Are", "Negative", So Much You" para descortinar várias partes numa mesma canção, e que canções!
sexta-feira, março 04, 2016
Kal Marks - "Life Is Alright, Everybody Dies"
Uma das bandas mais entusiasmantes do fértil cenário indie de Boston, os Kal Marks acabam de editar o seu terceiro álbum "Life Is Alright, Everybody Dies" após o poderoso "Life is Murder" que figurou na minha lista dos melhores de 2013 e do ep com o curioso titulo "Just A Lonely Fart".
Se no anterior registo o pessimismo perante a espécie humana imperava, desta feita uma certa resignação e até alguma esperança é refletida, bastando para tal atentar no titulo do novo álbum em contraponto com o seu antecessor. Segundo o mentor da banda Carl Shane, aquando da gravação de "Life Is Murder" terá atravessado uma depressão que a pouco e pouco foi aliviando sendo este novo disco o espelho de uma nova mentalidade em tentar viver melhor a sua existência.
Musicalmente falando, o trio mantêm uma química estupenda, sacando "coelhos da cartola" com uma facilidade absurda dada a dinâmica deveras inventiva com que impregnam as dez faixas que compõem este "Life is Alright...". Provavelmente não serão a banda mais fácil de assimilar, uma vez que o registo vocal de Shane está a milhas do pretendido por um qualquer júri de um programa de treta de novos talentos vocais, (e ainda bem que assim é!), além do mais a sua sonoridade é densa, brutal, com a emoção à flor da pele exposta em sucessivas erupções sonoras e com uma produção "seca" que lhes assenta como uma luva, contudo a sua combinação melódica de um legado indie-rock dos 90 alimentada pela garra do post-hardcore resulta em faixas soberbas como a extensa "Coffee" com uma estrutura digna de uns Karate, o relembrar dos subvalorizados Rodan em "Loneliness Only Lasts Forever", dos Polvo e Unwound em "Everybody Dies" sem olvidar a marca dos Fugazi, Shellac e Jesus Lizard ao longo de todo o disco.
Por mais adjectivos que encontre para descrever "Life is Alright, Everybody Dies", creio que simplifico a questão afirmando de uma forma bem direta que este disco é do caralho e chega!
quinta-feira, fevereiro 25, 2016
Ulrika Spacek - "The Album Paranoia"
"The Album Paranoia" é o registo debutante dos Ulrika Spacek, um projeto idealizado por dois Rhys (Edwards e Williams) após uma temporada em Berlim. Regressados a Londres decidiram gravar na sua casa conjunta, uma antiga galeria de arte de seu nome KEN. O resultado dessa união revela uma banda (entretanto adicionaram mais três elementos) com uma sonoridade que vagueia entre o krautrock, o psicadélico, e o indie-rock.
A faixa de abertura "I Don't Know" ostenta desde logo a cadência motorik dos NEU! para mais à frente transformar-se num tema dos Deerhunter cruzado com os Moon Duo. "Porcelain" assina pelo mesmo diapasão com uma piscadela de olho aos Radiohead e aos TOY. O curto instrumental "Circa 1954" no qual o teclado fornece um colorido mais cinematográfico, abre caminho para "Strawberry Glue" uma tema com uma evidente costela shoegaze. A empolgante "Beta Male" explora os ritmos circulares dos Loop mas com mais melodia à mistura.
A iniciar a segunda metade deste disco temos os 7 minutos dopantes de "Nk" com uma cadência stoner a ajudar à missa com as guitarras em constante remoinho. Por sua vez "Ultra Vivid" é um belo exercício pop e uma vertente pela qual a banda poderá enveredar com sucesso. "She's a Cult" tem carimbo Sonic Youth e My Bloody Valentine, tal como "There's a Little Passing Cloud In You" revela um empolgante jogo de guitarras digno de um Television ou da juventude sónica entre as descargas mais ruidosas e a parte final mais melodiosa. "Airportism" é um mero remate num disco que exala uma banda com evidente bom gosto, cuja elaboração de canções assentes em ritmos repetitivos aos quais vão acrescentando camadas resulta bem mas tende a revelar-se um pouco óbvia e até preguiçosa. Diria que para disco de estreia não está nada mal, contudo acredito que poderão vir a fazer melhor num futuro próximo.
quarta-feira, fevereiro 10, 2016
Pop. 1280 - "Paradise"
Eu reconheço que enumerar influências para descrever uma banda ou um álbum é uma via facilitista e redutora, contudo, após as contínuas audições do terceiro registo dos Pop. 1280 a minha mente é invadida por uma avalanche de referências que o mais complicado é evitar citar todas sob o risco de estar a descrever "Paradise" como um mero exercício revisionista da matéria dada, o que não é o caso mas pouco falta.
Desta feita a banda de Brooklyn acentua a sua devoção pelo rock industrial através dos sinistros teclados e a incessante percussão ao qual se adicionam vocalizações em tom de discurso inflamado e guitarras a imitar o alvoroço de uma qualquer siderurgia. "Paradise" soa a disco conceptual baseado numa sociedade que no atual panorama politico e económico, perdeu a esperança num mundo melhor e depara-se com um cenário distante do paraíso a que o titulo sarcasticamente alude.
Confesso que nunca fui um grande adepto das sonoridades industriais, regra geral aprecio algumas das suas características aliadas a outras vertentes de que são um bom exemplo os Cop Shoot Cop, banda que saltou logo à memória e que estranhamente não vi referida nas diversas criticas a este disco, mesmo tendo em conta que a produção ficou a cargo do afamado Martin Bisi. A partir daí surge a tal enxurrada de similaridades sonoras com os Suicide, Killing Joke, Birthday Party, Nitzer Ebb, Big Black, Swans, Sisters of Mercy, Front 242, Scrapping Foetus Of The Wheel, Fad Gadget, Nine Inch Nails, Klinik, Virgin Prunes e mais umas quantas através das 9 faixas que regra geral possuem uma carga plena de agressividade: "Phantom Freighter", "In Silico", "USS ISS", alternadas com momentos mais pausados e diria até cinematográficos como a faixa que dá titulo ao álbum, "Rain Song" ou "Pyramids on Mars".
Embora "Paradise" possua argumentos suficientes para entusiasmar, no entanto não são suficientes para ultrapassar a barreira de um disco que forçosamente remete em demasia para um exercício de nostalgia.
quarta-feira, fevereiro 03, 2016
Fat White Family - "Songs For Our Mothers"
Os Fat White Family são uma banda de drogados (eles próprios admitem!) com uma sonoridade difícil de catalogar, um sentido de humor deveras peculiar (basta atentar ao titulo deste disco) e cuja pretensão é agitar consciências ao invés de alcançar uma notoriedade que os posicione num horário nobre de um qualquer mega-festival.
"Songs For Our Mothers" é o aguardado sucessor do indefinível registo de estreia "Champagne Holocaust" (2013) que colocou esta bizarra banda nas bocas do mundo graças às suas canções pouco convencionais, vídeos a tender para o chocante e atuações ao vivo a roçar o caótico. Tudo bons indícios portanto, para que este novo disco criasse algum burburinho quanto ao que esta rapaziada seria capaz de elaborar e verdade seja dita, os Fat Whites não só corresponderam às expetativas como tornaram-se ainda mais inclassificáveis.
Apesar de terem melhores condições de gravação, a banda apostou novamente numa produção a tender para o caseiro, contudo, teve mais tempo para explorar em estúdio algo que é notório através da inclusão de vário instrumentos pouco usuais e em extrair sons atrofiados das suas guitarras (por vezes sou levado a pensar que estão verdadeiramente desafinadas!).
"Whitest Boy On The Beach" tem as honras de abertura e não podiam começar melhor com este cruzamento de Suicide, Silver Apples e Clinic. "Satisfied" avança com caixa de ritmos, toada glam, guitarras dissonantes e por momentos dou por mim a pensar nos Tones On Tail. "Love Is The Crack" soa a Thee Oh Sees quando tiram o pé do acelerador e tentam imitar os Beatles mergulhados em ácido, ao passo que a extensa "Duce" é toda uma missa fúnebre de contornos industriais digna do catálogo dos Swans.
"Lebensraum" assemelha-se a uma recriação do "Lonesome Town" de Ricky Nelson via Tom Waits, e a caixa de ritmos volta à carga em "Hits Hits Hits" para um menear da anca insinuante terminando em algo que os Primal Scream poderiam ser os autores. O ritmo motorik dá um ar da sua graça em "Tinfoil Deathstar", pincelada com teclados retro 60's e no final fica a impressão de ter escutado um cruzamento entre os Apse e os dEUS. Prosseguimos para um suposto clássico da Disney sob efeito de LSD e andamento de valsa em "When Shipman Decides" para de seguida entramos no inferno de "We Must Learn To Rise" e terminarmos em beleza com a acústica "Goodbye Goebbels", mais uma referência ao universo fascista que os mais incautos poderão não entender mas quem estiver ciente do quão subversivos os Fat White Family podem ser, acaba facilmente por esboçar um sorriso.
quarta-feira, janeiro 27, 2016
Sea Pinks - "Soft Days"
Liderados por Neil Brogan, outrora elemento dos Girls Names e membro dos CRUISING, os Sea Pinks editam "Soft Days" o seu segundo álbum como um trio (Steven Henry e Davey Agnew no baixo e bateria respetivamente), após 3 registos caseiros nos quais Brogan assumiu toda as tarefas musicais.
"Soft Days" é assumidamente um disco pop, cuja inspiração maior remete para a década de 80 através de bandas seminais como os The Smiths, The Go-Betweens, Felt ou para a vaga C86, num disco coeso, pleno de simplicidade e bom gosto, com uma produção básica que assenta na perfeição nas onze canções que o compõem.
Com a cadência jangle a imperar na maioria dos temas, a espaço detetamos rasgos de power-pop ("Keep Running") e até de surf-pop ("Yr Horoscope" poderia ter sido assinada pelos Two Wounded Birds), com a voz sempre melodiosa de Brogan a debitar histórias na sua maioria sobre relações amorosas num timbre que alterna entre o Tim Wheeler dos Ash ou um Billy Bragg com menos sotaque.
Num disco que não aspira a ser mais que um bom conjunto de canções, um objetivo alcançado com distinção, "Soft Days" tem o condão de soar bastante familiar sem no entanto descambar para o plágio ou mera devoção, revelando isso sim, qualidades mais do que suficientes para conquistar mesmo o ouvido mais rotinado nestas andanças do indie-pop.
segunda-feira, janeiro 18, 2016
Parlor Walls
Tendo em conta o ritmo mais lento nas edições discográficas quando um novo ano se inicia, aproveito esta oportunidade para destacar os Parlor Walls, um trio sediado no efervescente bairro de Brooklyn, composto por Alyse Lamb que lidera os recomendáveis EULA na voz e guitarra, a saxofonista Kate Mohanty e o multi-instrumentalista Chris Mulligan que conjuntamente com Alyse conduzem a editora e plataforma artística Famous Swords.
Rotulam a sua sonoridade de Trash Jazz, na qual elementos da No Wave, do rock experimental e do pós-punk, convivem com a improvisação jazzística, podendo o resultado dessa fusão ser escutado e descarregado através dos ep's Parlor Walls (2014) e o mais recente Cut (2015). Se no primeiro registo a banda procurava criar uma identidade própria, "Cut" é a prova de estarmos perante uma banda que tenta fugir aos clichés dos géneros mencionados mas que no entanto não tenta forçar a barreira do experimentalismo só para soar original. Porventura a veia um pouco mais convencional que Alyse explora nos EULA conduza-os a não descurar a questão da criação de canções onde elementos mais melódicos casam perfeitamente com essa vertente mais difícil de assimilar para o ouvido comum.
Em diversos momentos sou levado a recordar o "Past Life Martyred Saints" de EMA ou a descobrir ambiências comuns aos Esben & The Witch, derivado tanto ao registo vocal de Alyse como a um certo negrume e uma tensão nervosa latente que paira sobre estes temas. Sem soar a chavão (mas que não deixa de o ser), fica a frase usual neste tipo de artigos: uma banda a seguir atentamente no futuro.
quarta-feira, dezembro 30, 2015
2015 em concertos
Por diversas razões este ano não foi muito preenchido em termos de concertos, não pela falta de quantidade e qualidade, mas como diz a cantiga "you can't always get what you want", algo que lamento, uma vez que sou daqueles que gosta de tirar a prova dos 9 assistindo a uma banda a tocar e não entretido a dar à letra, a tirar fotos em catadupa ou a marcar o ponto em festivais de grande envergadura enquanto se digere bandas a metro e se publica nas redes sociais. (Eu tenho mau feitio, eu sei!)
Em contrapartida estive orgulhosamente envolvido no Indouro Fest, tive a oportunidade de privar com várias bandas e músicos que admiro, apreciei bandas em locais nunca antes visitados e consegui uns quantos autógrafos e recordações de quem realmente teve impacto no meu crescimento musical.
Apresento por ordem de visionamento a reduzida mas satisfatória lista dos concertos assistidos em 2015, na esperança que 2016 seja mais recheado.
Em contrapartida estive orgulhosamente envolvido no Indouro Fest, tive a oportunidade de privar com várias bandas e músicos que admiro, apreciei bandas em locais nunca antes visitados e consegui uns quantos autógrafos e recordações de quem realmente teve impacto no meu crescimento musical.
Apresento por ordem de visionamento a reduzida mas satisfatória lista dos concertos assistidos em 2015, na esperança que 2016 seja mais recheado.
- Dead Neaderthals + Orthodox @ Cave 45 (29-01-2015)
- Pop Dell' Arte + Plaza @ Hard Club (21-02-2015)
- Putan Club + Tren Go Sound System @ Cave 45 (24-02-2015)
- Rated With an X @ Casa de Ló (27-02-2015)
- Enablers @ Clube de Vila Real (11-03-2015)
- Luna @ Casa da Musica (26-04-2015)
- Indouro Fest : Rainy Days Factory/ Lost Rivers/ Electric Litany/ Limiñanas/ Tristesse Contemporaine/ Lucid Dream/ White Haus @ Serra do Pilar (02-05-2015)
- Indouro Fest : Os Principes / Whistlejacket/ Yuck/ Lola Colt/ Malcontent / British Sea Power @ Serra do Pilar ( 03/05/2015)
- Mute Swimmer @ Casa de Ló (07-05-2015)
- Clinic + Toy + Eat Bear @ Hard Club (04-07-2015)
- Pega Monstro + Filho da Mãe & Ricardo Martins + Girl Band @ CAAA Guimarães (10-10-2015)
- Rated With an X @ Canhoto (24-10-2015)
- And So I Watch You From Afar + Homem Em Catarse @ Hard Club (05-11-2015)
- Lower Dens @ GNRATION (Braga) (22-11-2015)
- Rita Braga + Ian Svenonius @ Sonoscopia (05-12-2015)
terça-feira, dezembro 15, 2015
Best Of 2015
Esta necessidade de criar uma lista dos melhores discos de cada ano tem muito que se lhe diga, mas levaria a uma dissertação que no final resume-se a um critério pessoal e a determinados factores que influenciaram as escolhas, e além do mais, ninguém gosta de ler textos extensos na net.
Eleger o melhor do ano é tarefa que tenho vindo a evitar e este ano não é excepção, muito embora o mais forte candidato fosse "Holding Hands With Jamie" dos Girl Band. Prefiro resumir um ano de edições musicais a uma quantidade de discos que ouvi amiúde com satisfação e basicamente é isso que conta. Muitos ficaram de fora desta lista de 40 registos, derivado a vários factores e quem sabe, poderão vir a seduzir os meus ouvidos no futuro.
Apesar das inúmeras horas passadas a ouvir os lançamentos de 2015 (acreditem, foram muitas!) é óbvio que muito ficou por descobrir, mas esse questão é a mesma de todos os anos. Sem mais delongas apresento-vos por ordem alfabética os tais "Melhores de 2015" acrescidos de uma pequena resenha e link para a sua audição na esperança que vos desperte o interesse.
Como espécie de bónus adicionei uma mixtape assente em 20 faixas representativas dos tais 40 registos. Ficam os votos de um bom ano, claro está, repleto de boa música!
01 - Blacklisters - "Adult"
Segundo álbum desta formação de Leeds com uma sonoridade noise-rock ao nível do melhor Jesus Lizard e Pissed Jeans. Produção a cargo de MJ dos Hookworms.
02 - Built To Spill - "Untethered Moon"
Regresso em grande forma da banda liderada por Doug Martsch, Quiçá um pouco mais pop mas sempre com aquela qualidade que lhes é reconhecida.
03 - Christian Fitness – "Love Letters In The Age Of Steam"
Christian Fitness é o alter-ego de Andrew Falkous, mentor de bandas como os Mclusky e Future Of The Left. Quem as conhecer já sabe o que a casa gasta!
04 - Conduct - "Fear and Desire"
Perante um disco que foi gravado por Steve Albini e masterizado por Bob Weston, membros dos Shellac, é óbvia a sua influência neste disco mas "Fear and Desire" é muito mais que simples devoção.
05 - Death And Vanilla - "To Where The Wild Things Are"
Terceiro registo deste duo sueco que combinam de forma exemplar exótica, krautrock, library music, bandas sonoras vintage, dream pop ou se preferirem, a banda perfeita para matar saudades dos Stereolab e Broadcast.
06 - Destruction Unit - "Negative Feedback Resistor"
Se algo ainda ficou de pé após a devastação do anterior "Deep Trip", este novo registo tratou de reduzir tudo a cinzas dada a sua carga demolidora.
07 - Disappears - "Irreal"
Art-rock negro, denso e claustrofóbico com elementos da No Wave, Post-Punk e industrial. Não é de fácil assimilação mas ainda bem que assim é.
08 - Enablers - "The Rightful Pivot"
Descrever o som dos Enablers não é uma tarefa que se toma de ânimo leve dada a sua complexidade sonora. Carreguem no link abaixo para confirmar como eu tenho razão.
09 - Föllakzoid - "III"
Os psicadélicos chilenos voltam à carga com mais uma valente dose de música tripante. Estão prontos para entrar noutra dimensão?
'Bora lá ouvir!
Os psicadélicos chilenos voltam à carga com mais uma valente dose de música tripante. Estão prontos para entrar noutra dimensão?
'Bora lá ouvir!
10 - Girl Band – "Holding Hands With Jamie"
As expectativas eram elevadas mas banda irlandesa confirmou em pleno, tanto em disco como ao vivo, que possuem talento, criatividade e energia mais do que suficientes para os seguirmos atentamente num futuro que aparenta ser bastante promissor. Brutal!
'Bora lá ouvir!
As expectativas eram elevadas mas banda irlandesa confirmou em pleno, tanto em disco como ao vivo, que possuem talento, criatividade e energia mais do que suficientes para os seguirmos atentamente num futuro que aparenta ser bastante promissor. Brutal!
'Bora lá ouvir!
11 - Jacco Gardner - "Hypnophobia"
O holandês investe numa pop psicadélica barroca com uma dose experimental q.b. em canções que ficam facilmente na memória.
'Bora lá ouvir!
O holandês investe numa pop psicadélica barroca com uma dose experimental q.b. em canções que ficam facilmente na memória.
'Bora lá ouvir!
12 - Krill - "A Distant Fist Unclenching"
Terceiro e infelizmente o derradeiro registo desta formação de Boston. Não tarda surgirão bandas a revelar a sua influência.
Terceiro e infelizmente o derradeiro registo desta formação de Boston. Não tarda surgirão bandas a revelar a sua influência.
13 - La Luz - "Weirdo Shrine"
Surf-pop, harmonias sacadas às girls groups de 60 e uma costela garage são os condimentos necessários para criar um disco estimulante.
Surf-pop, harmonias sacadas às girls groups de 60 e uma costela garage são os condimentos necessários para criar um disco estimulante.
14 - Lair – "Test"
Segundo álbum deste desconhecido duo que funde diversas vertentes de uma forma experimental, mas cujo resultado final surge como um todo homogéneo. Confusos?
15 - Leon Bridges - "Coming Home"
Basicamente basta descrever este disco debutante como o melhor registo soul deste ano.
Basicamente basta descrever este disco debutante como o melhor registo soul deste ano.
16 - Lonelady - "Hinterland"
Espécie de tributo à sua Manchester, Julie Campbell elabora um disco cimentado no catálogo da Factory e nos movimentos pós-punk e mutant disco de finais de 70 mas com um toque de modernidade.
17 - Mbongwana Star – "Mbongwana Star"
Combinação dos ritmos congoleses com eletrónica poderá soar algo estranho mas graças à produção de Doctor L., este disco com membros dos Staff Benda Bilili resulta em pleno.
18 - Metz - "II"
Porventura não tão impactante quanto o registo debutante, mas igualmente devastador.
19 - Mikal Cronin - "MCIII"
Desta feita Cronin coloca tudo no assador, seja em termos de diversidade sonora, em arranjos e produção e o resultado é deveras satisfatório.
20 - Minami Deutsch – "Minami Deutsch"
Banda japonesa cria um disco puramente kraut e soa uma maravilha. Daqueles que apetece colocar em modo repeat. Moca!
21 - Modest Mouse – "Strangers To Ourselves"
Oito anos volvidos os Modest Mouse regressam em forma embora com um disco algo desigual mas ainda assim com um número suficiente de boas canções para figurar nesta lista. Além disso já tinha saudades de Brock e companhia!
'Bora lá ouvir!
Oito anos volvidos os Modest Mouse regressam em forma embora com um disco algo desigual mas ainda assim com um número suficiente de boas canções para figurar nesta lista. Além disso já tinha saudades de Brock e companhia!
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22 - OST – "The Man From U.N.C.L.E."
Quiçá fruto da minha recente devoção a bandas sonoras de culto, não resisti em colocar este disco composto por Daniel Pemberton que honra os grandes nomes do género como Morricone, Schifrin, John Barry e até David Holmes.
Quiçá fruto da minha recente devoção a bandas sonoras de culto, não resisti em colocar este disco composto por Daniel Pemberton que honra os grandes nomes do género como Morricone, Schifrin, John Barry e até David Holmes.
23 - PINS – "Wild Nights"
O segundo registo das PINS revela uma maior maturidade sonora vagueando por terrenos comuns às Vivian Girls e aos Duke Spirit.
'Bora lá ouvir!
O segundo registo das PINS revela uma maior maturidade sonora vagueando por terrenos comuns às Vivian Girls e aos Duke Spirit.
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24 - Pope - "Fiction"
Recuperadores de uma certa estética lo-fi dos anos 90, o disco de estreia dos Pope não é um poço de originalidade mas possuí temas que, para quem cresceu com este som, ainda seduzem e convencem estes ouvidos.
'Bora lá ouvir!
Recuperadores de uma certa estética lo-fi dos anos 90, o disco de estreia dos Pope não é um poço de originalidade mas possuí temas que, para quem cresceu com este som, ainda seduzem e convencem estes ouvidos.
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25 - Protomartyr – "The Agent Intellect"
Ao terceiro registo esta banda de Detroit eleva a fasquia e cria o seu melhor registo até à data, revelando um aprimorar na sua construção musical e letras existencialistas.
'Bora lá ouvir!
Ao terceiro registo esta banda de Detroit eleva a fasquia e cria o seu melhor registo até à data, revelando um aprimorar na sua construção musical e letras existencialistas.
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26 - Salad Boys – "Metalmania"
Herdeiros da sonoridade da Flying Nun e do indie rock americano dos 80, estes neozelandeses foram uma das melhores surpresas deste ano.
'Bora lá ouvir!
Herdeiros da sonoridade da Flying Nun e do indie rock americano dos 80, estes neozelandeses foram uma das melhores surpresas deste ano.
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27 - Shopping – "Why Choose"
Segundo álbum deste trio londrino repleto de ritmos punk-funk com uma atitude politizada. A revolução também pode ser uma festa!
28 - Sleaford Mods - "Key Markets"
Não existem grandes mudanças em relação ao anterior "Divide & Exit", uma produção mais aprimorada, batidas mais refinadas mas não é preciso mexer muito numa fórmula vencedora.
Não existem grandes mudanças em relação ao anterior "Divide & Exit", uma produção mais aprimorada, batidas mais refinadas mas não é preciso mexer muito numa fórmula vencedora.
29 - Someone Still Loves You Boris Yeltsin - "The High Country"
Mais rock do que é usual nesta banda mas sempre com a pop a pontuar as suas canções, numa carreira que conta já com cinco discos merecedores de atenção.
'Bora lá ouvir!
Mais rock do que é usual nesta banda mas sempre com a pop a pontuar as suas canções, numa carreira que conta já com cinco discos merecedores de atenção.
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30 - Songhoy Blues – "Music In Exile"
O desert blues do Mali numa luta acesa com a tradição blues/rock americana, pincelada com ritmos funky. Quem ganha é o ouvinte!
'Bora lá ouvir!
O desert blues do Mali numa luta acesa com a tradição blues/rock americana, pincelada com ritmos funky. Quem ganha é o ouvinte!
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31 - Spray Paint - "Punters On A Barge"
Os texanos Spray Paint são dignos herdeiros de uma geração de bandas underground americanas dos 80 cujo legado pode ser apreciado neste disco.
Os texanos Spray Paint são dignos herdeiros de uma geração de bandas underground americanas dos 80 cujo legado pode ser apreciado neste disco.
32 - The Lucid Dream - "The Lucid Dream"
Por entre tanto revivalismo psicadélico, os The Lucid Dream revelam-se como uma banda que não pretende meramente imitar, mas acima de tudo, evoluir, algo que se faz notar neste segundo álbum.
'Bora lá ouvir!
Por entre tanto revivalismo psicadélico, os The Lucid Dream revelam-se como uma banda que não pretende meramente imitar, mas acima de tudo, evoluir, algo que se faz notar neste segundo álbum.
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33 - The TeleVibes – "High Or Die"
Banda que aos poucos tem vindo a conquistar alguma notoriedade no povoado cenário indie americano, editam o primeiro disco que espremido resulta num ep do caraças!
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Banda que aos poucos tem vindo a conquistar alguma notoriedade no povoado cenário indie americano, editam o primeiro disco que espremido resulta num ep do caraças!
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34 - Thee Oh Sees - "Mutilator Defeated At Last"
Disco mais musculado que o anterior "Drop" e digno sucessor do poderoso "The Putrifiers II". Como diria o homem da Regisconta a banda de John Dwyer é "aquela máquina!"
'Bora lá ouvir!
Disco mais musculado que o anterior "Drop" e digno sucessor do poderoso "The Putrifiers II". Como diria o homem da Regisconta a banda de John Dwyer é "aquela máquina!"
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35 - Tijuana Panthers - "Poster"
Limparam alguma da sujidade habitual no seu som e criaram um conjunto de canções que saltita entre o garage, o surf, o punk e a pop.
'Bora lá ouvir!
Limparam alguma da sujidade habitual no seu som e criaram um conjunto de canções que saltita entre o garage, o surf, o punk e a pop.
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36 - TRAAMS – "Modern Dancing"
Mais um disco produzido por MJ dos Hookworms (não foi propositado!) desta feita o segundo álbum deste trio inglês cujas coordenadas sonoras apontam para várias direcções dentro do espectro indie-rock.
'Bora lá ouvir!
Mais um disco produzido por MJ dos Hookworms (não foi propositado!) desta feita o segundo álbum deste trio inglês cujas coordenadas sonoras apontam para várias direcções dentro do espectro indie-rock.
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37 - Twerps - "Range Anxiety"
Este é daqueles que cola logo à primeira e felizmente não acaba por enjoar. Um belo disco pop desta formação australiana.
'Bora lá ouvir!
Este é daqueles que cola logo à primeira e felizmente não acaba por enjoar. Um belo disco pop desta formação australiana.
'Bora lá ouvir!
38 - Ultimate Painting - "Green Lanes"
Nem um ano volvido, Jack Cooper (Mazes) e James Hoare (Veronica Falls) voltam ao ataque com as suas melodias simples mas devera eficazes.
'Bora lá ouvir!
Nem um ano volvido, Jack Cooper (Mazes) e James Hoare (Veronica Falls) voltam ao ataque com as suas melodias simples mas devera eficazes.
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39 - White Reaper - "White Reaper Does It Again"
Outro registo que aguardava com ansiedade, a estreia dos White Reaper é uma fusão de garage-punk-rock com refrões orelhudos e teclados New Wave.
'Bora lá ouvir!
Outro registo que aguardava com ansiedade, a estreia dos White Reaper é uma fusão de garage-punk-rock com refrões orelhudos e teclados New Wave.
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40 - Yo La Tengo - "Stuff Like That There"
Espécie de continuação daquele irresistível "Fakebook" (1990) no qual a banda desliga-se um pouco da eletricidade para recriar alguns dos seus temas, apresentar novas canções, e claro está, desbundar umas quantas versões como só eles sabem fazer.
'Bora lá ouvir!
Bónus Mixtape
Espécie de continuação daquele irresistível "Fakebook" (1990) no qual a banda desliga-se um pouco da eletricidade para recriar alguns dos seus temas, apresentar novas canções, e claro está, desbundar umas quantas versões como só eles sabem fazer.
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