sexta-feira, dezembro 22, 2017

Sugestões Auditivas 2017 (2º Semestre)

Elaborado o balanço do primeiro semestre, é então altura de destacar uns quantos registos que nesta segunda parte de 2017 seduziram os ouvidos do Mouco. Como sempre é uma tarefa árdua tendo em conta o volume de edições que assola o panorama musical. Ainda assim, não quis deixar de fora estas sugestões, na esperança que desperte a vossa atenção.

(Para audição basta clicar no titulo)


Alvvays - "Antisocialites"














Confesso que às primeiras audições senti-me algo desiludido com o novo álbum da banda canadiana. Voltei à carga recentemente, e sim, os Alvvays conseguiram superar a barreira do difícil segundo disco, mantendo uma matriz sonora semelhante com algumas nuances. 

Chain & The Gang - "Experimental Music"














Ian Svenonius não consegue parar e para além de ter editado o seu projecto a solo sob a designação Escape-ism, gravou porventura o mais acessível e bem-sucedido registo dos Chain & The Gang.


Downtown Boys - "Cost Of Living"














A par dos Priests que editaram o poderoso "Nothing Feels Natural" que escapou ao meu radar aquando do balanço do primeiro semestre, os Downtown Boys são das mais entusiasmantes bandas punk da atualidade. Atentem a temas como  "A Wall" ou "Somos Chulas (No Somos Pendejas) e percebem facilmente o motivo da sua inclusão.

 Duds - "Of A Nature Or Degree"














Oriundos de Manchester, os Duds não escaparam ao radar da editora americana Castle Face de John Dwyer dos Thee Oh Sees, que neles vislumbraram o espírito post-punk com os Wire à cabeça do pelotão em temas curtos mas repletos de texturas.

Girl Ray - "Earl Grey"














Estreia auspiciosa deste trio feminino inglês, a revelar uma maturidade sonora incomum num disco debutante. Indie psych-folk-pop algures entre os Gorky's Zygotic Minci e as Electrelane.


His Electro Blue Voice - "Mental Hoop"














4 anos após o visceral "Ruthless Sperm", esta formação italiana regressa com similar impacto na sua conjugação sonora noise-kraut-rock com inclinação post-punk.

Madonnatron - "Madonnatron"















Mais um disco de estreia feminino, perfeito para noites de Halloween dada a vertente dark bem evidente nos títulos de diversos temas, contudo a panóplia sonora nele contido assim como o uso de humor, afastam-nas de serem catalogadas como uma banda gótica.

Melkbelly - "Nothing Valley"














Um cruzamento entre os Lightning Bolt e Breeders poderá ser uma possível descrição da sonoridade desta banda de Chicago que combina melodia, ruído e estruturas pouco convencionais de uma forma vencedora.

Omni - "Multi-task"














Dos vários registos por aqui destacados com o rótulo post-punk, este decerto é o mais acessível, apesar da urgência com que os temas se sucedem, existe sempre espaço para a melodia se destacar. Bónus para a capa, quiçá a mais cativante deste ano. 











Já não é a primeira vez que uso esta expressão, mas não resisto em voltar a referir que esta é daquelas bandas que na década de 90 decerto faria parte do catálogo da Touch & Go, dada a sua conjugação de indie-rock sónico e emergente post-hardcore.

Posse - "Horse Blanket"














Um crime esta banda ter terminado! Para despedida disponibilizaram este disco para descarga gratuita. Quanta bondade e quanta qualidade! 

Protomartyr - "Relatives In Descent"














A banda de Detroit continua a manter a fasquia elevada e apesar de abusar nas semelhanças aos The Fall, conquista novos fiéis a cada nova edição. 

Snapped Ankles - "Come Play The Trees"














Esta banda londrina alia uma mensagem e visual ecológicos a uma sonoridade que ataca em várias frentes. Se com este primeiro álbum obtiveram algum reconhecimento, estou certo que ainda darão muito mais que falar com o sucessor. 

Spinning Coin - "Permo"















O disco debutante deste quarteto escocês deambula entre o jangle-indie-pop e o lo-fi-indie-rock. Contou com a produção de Edwyn Collins em alguns temas e foi editado pela Geographic de Stephen Pastel. Tudo certo aqui.

Unsane - "Sterilize"














Os veteranos do noise-rock não abrandam e retornam com mais uma dose de rock visceral alicerçada na sua fúria com o panorama politico americano. 

segunda-feira, dezembro 18, 2017

Edu (Mouco) & Mar Superior present "Songs From The Old House #9" (Ladies First Vol.2)




01 - "You're Not the Only One I Know" - The Sundays 02 - "Rockin' Back Inside My Heart" - Julee Cruise 03 - "Hollow Life" - Frankie Rose & The Outs 04 - "Worried Shoes" - Karen O & The Kids 05 - "Candy Says" - Thalia Zedek 06 - "Martha" - Hugo Largo 07 - "Love Will Tear Us Apart" - Susanna & The Magical Orchestra 08 - "Lights Inside This Dream" - Julia Stone 09 - "Super Glider" - Drugstore 10 - "Horses In My Dreams" - P.J. Harvey 11 - "Anteroom" - EMA 12 - "Party Girl" - Michelle Gurevich 13 - "Wait" - The Kills 14 - "Crazy Love" - Marianne Faithfull

quarta-feira, dezembro 13, 2017

Do Androids Dream of Electro Mixtapes? (Vol.1)

01 - Throbbing Gristle - "Hot On The Heels of Love" 02 - Fischerspooner - "Emerge" 03 - Human League - "Being Boiled" 04 - Visage - "Fade To Grey" 05 - Kratftwerk - "The Robots" 06 - Telex - "Discow Moscow" 07 - Anne Clark - "Our Darkness" 08 - D.A.F. - "Der Mussolini" 09 - Front 242 - "Headhunter (Version 1.0)" 10 - Nitzer Ebb - "Let Your Body Learn" 11 - Cabaret Voltaire - "Sensoria" 12 - Nine Inch Nails - "Down in it" 13 - Cassandra Complex - "One Millionth Happy Customer" 14 - Suicide - "Radiation"

segunda-feira, novembro 20, 2017

Edu (Mouco) & Mar Superior present "Songs From The Old House #8" (Ladies First Vol.1)

01 - "Little Trouble Girl" - Sonic Youth ft. Kim Deal 02 - "High Expectation" - Stereolab 03 - "Telescope" - Vanishing Twin 04 - "Forget Every Time" - Broadcast 05 - "Moogskogen" - Death & Vanilla 06 - "Sorrow" - Life Without Buildings 07 - "Acrobat" - Tanya Donelly 08 - "Blue Bird" - Hope Sandoval & The Warm Inventions 09 - "Into Oblivion" - Lisa Germano 10 - "Dusty Eyes" - Bedouine 11 - "Cross Bones Style" - Cat Power 12 - "Your Love Is Killing Me" - Sharon Van Etten 13 - "Myth" - Beach House 14 - "Aikea-Guinea" - Cocteau Twins

domingo, novembro 05, 2017

Global Sounds Vol.3

01 - "Nsokoto" - Very Best 02 - "1 Million C'est Quoi?" - Mbongwana Star 03 - "Moziki" - Staff Benda Bilili 04 - "Arrete Mal Parlé" - Fair Nick Stars 05 - "Yambo" - Salif Keita 06 - "The 4" - Secret Chiefs 3 07 - "Stonehenge" - S.E.V.A. 08 - "Ndol' Asu" - Henri Dikongue 09 - "Jarabi" - Toumani Diabate 10 - "Maye Obi Den" - Kyerematen Stars 11 - "Nostalgia" - Fantcha 12 - "Je Ne Sais Pas Beaucoup" - Les Ya Toupas de Zaire

quinta-feira, outubro 19, 2017

Global Sounds Vol.2

01 - "Dat Soca Boat" - Mighty Shadow 02 - "Gbagada, gbagada, gbogodo, gbogodo" - Luisito Quintero feat. Francis Mbappe 03 - "Descarga de Hoy" - Cubanismo 04 - "Les Rablablas les Roubliblis" - Les Negresses Vertes 05 - "Quiero Amanaçer" - Banda Los Hijos de la Niña Luz 06 - "Patchanka" - Mano Negra 07 - "Mama Guela" - Spanish Harlem Orchestra 08 - "Do The Afro Shuffle" - Godwin Omabuwa & His Casanova Dandies 09 - "Fantasies of the Orient" - Extra Golden 10 - "(Nothing But) Flowers" - Talking Heads 11 - "Ethanopium" - Dengue Fever 12 - "Holy" - Mariachi El Bronx

Yo! It's Another Rap Mixtape.

01 - "Straight Outta Compton" - NWA 02 - "Switch" - Senser 03 - "Sound Of Da Police" - KRS-One 04 - "Jump Around" - House Of Pain 05 - "It Takes Two" - DJ E-Z Rock & Rob Base 06 - "Peter Piper" - Run D.M.C. 07 - "Bout.That" - Clipping 08 - "Ping Pong" - Antipop Consortium 09 - "Mad Fright Night" - Lo Down 10 - "Bad Babysitter" - Princess Superstar 11 - "Pork Rind Disco" - The Chicharones 12 - "Dy-Na-Mi-Tee" - Ms. Dynamite 13 - "Hits From The Bong" - Cypress Hill 14 - "Move Something" - Talib Kweli & Hi Tek 15 - "Paid In Full" - Eric B & Rakim 16 - "Le Bien, Le Mal" - Guru feat. MC Solaar 17 - "It's Like That" - Us3 18 - "Oh No" - Mos Def, Pharoahe Monch & Nate Dogg 19 - "Ultramagnetic" - Large Professor 20 - "Woo Hah! (feat. Rampage)" - Busta Rhymes

terça-feira, agosto 08, 2017

Summer Tape 2017

01 "Batter Up" - Hush Machine 02 "Dare" - Foliage 03 "Lita-Ruta" - Shugo Tokumaru 04 "10 Fingers" - ABADABAD 05 "Pale Blue" - Vansire 06 "Trust" - High Waisted 07 "I W K" - Billy Moon 08 "Do It (In Your Mind)" - Louie Louie 09 "Which Way" - Deidre & The Dark 10 "Avenue A" - André Salvador and the Von Kings 11 "Salut, Je Ne Te Reconnais Pas" - Ricky Hollywood 12 "Countryside" - Shadowgraphs 13 "Not My Girl" - Tokyo Police Club 14 "Girl" - Sobs 15 "Saturday Girl Sunday Boy" - No Middle Name 16 "Would You Want It Anyways" - Jesse Konrad 17 "Mr. Shady" - Taipei 18 "Grow" - Them Jones 19 "Others" - Blair 20 "I'll Make This Fun" - Girl Ray

terça-feira, julho 04, 2017

Sugestões auditivas 2017 (1º semestre)

Ultrapassada a metade do corrente ano, é altura de fazer balanços à enormidade de edições até agora ao dispor do ouvinte e destacar alguns registos que na minha humilde opinião merecem a devida atenção. Tendo em conta a minha ausência em termos de resenhas mais detalhadas, aproveito agora para colocar a escrita em dia.

(Para audição basta clicar no titulo)

B Boys - "Dada"














Álbum de estreia deste trio oriundo de Brooklyn com uma sonoridade post-punk criativa reminiscente dos Wire, Devo, Gang of 4, The Fall ou os mais recentes Parquet Courts.


Battle of Santiago - "La Migra"














"La Migra" é o segundo álbum desta  formação sediada em Toronto,  e segundo os próprios praticam afro-cuban-post-rock e quem sou eu para discordar.

Buttertones - "Gravedigging"














Provavelmente o registo mais empolgante que ouvi até agora com o seu cocktail explosivo de Morricone, surf-rock, Cramps, Gallon Drunk, Gun Club e perfeito para noites de Halloween.

Dreamdecay - "YÚ"














Entre o post-punk e o noise-rock, o segundo disco deste quarteto de Seattle não é recomendável a ouvidos sensíveis.

Great Ytene - "Locus"














Comparações sonoras aos Disappears e Preoccupations, misturado por MJ dos Hookworms e editado pela Faux Discx, tudo bons ingredientes para um cativante resultado.

Ibibio Sound Machine - "Uyai"














Segundo álbum para esta imparável máquina de ritmo que conjuga de forma exemplar diversas sonoridades.

Laetitia Sadier Source Ensemble - "Find Me Finding You"














A carismática vocalista e teclista dos saudosos Stereolab, socorre-se desta feita de uma banda para continuar a sua exploração pop de contornos experimentais com uma maior inclinação para a bossa-nova.

New Year - "Snow"














Nove anos após "The New Year" , os irmãos Kadane voltam à carga com o seu ritmo lento mas sempre expressivo.

Parlor Walls - "Opposites"














Os ep's já indiciavam estarmos perante uma banda promissora, e este álbum de estreia do trio Parlor Walls confirma as expectativas. Uma banda que só podia surgir em Brooklyn.

Pissed Jeans - "Why Love Now"














Provavelmente o mais coeso de todos os que já editaram (e vão cinco)! A esta altura do campeonato já devem saber o que a casa gasta...

Real Life Buildings - "Significant Weather"














Discos como este levam-me ainda a acreditar que o indie-rock consegue ser estimulante.

Rips - "Rips"














Mais um disco de estreia e novamente Brooklyn no centro das atenções. Pensem nos Television, Feelies e Parquet Courts e andam lá perto.

Sea Pinks - "Watercourse"














Um ano após a edição de "Soft Days", os irlandeses retornam com mais um belo disco indie-pop.

Sneaks - "It's a Myth"














Sneaks é o alter-ego de Eva Moolchan que aposta numa pop-electrónica minimal na qual se detecta a marca das E.S.G., Suicide e Anne Clark.

Songhoy Blues - "Résistance"














A banda do Mali continua em alta com "Résistance" assente numa fusão de blues do deserto, funk, rock, para além de contarem com Iggy Pop como convidado.

Surf Curse - "Nothing Yet"














Viciante e veraneante lo-fi-surf-indie-pop a cargo desta dupla que recentemente passou pelo nosso país.

Taiwan Housing Project - "Veblen Death Mask"














Longe de ser um disco acessível, a estreia desta banda de Filadélfia, é um exercício que requer diversas audições ao seu espectro sonoro que vagueia entre o post-punk, a no-wave e o art-rock.

The Comet Is Coming - "Death To The Planet"














Jazz-cósmico em fusão com batidas acid house. Venha o cometa que eu cá estarei pronto para dançar.

Thurston Moore - "Rock & Roll Consciousness"














Sinceramente não tinha grandes expectativas em relação a este disco, contudo a minha opinião alterou-se após a audição destas extensas cinco faixas. Quem sabe, sabe!

Uniform - "Wake in Fright"














Espancamento sonoro puro e duro!!

Global Sounds Vol.1

01 - "Geamparalele de la Cernavoda" - Danubius 02 - "Ayestheni" - Natacha Atlas 03 - "Jah Sha Taan" - Fun'Da'Mental 04 - "Yebo!" - Art Of Noise 05 - "Who're You" - Fela Kuti & Africa 70 06 - "Cumbia de Mochilla" - Quantic 07 - "Bucovina Original" - Shantel 08 - "Sabroso Bacalão" - Adolfo Echeverria 09 - "Hankuri" - Mad Man Jaga 10 - "Carnival Long Ago" - Roaring Lion 11 - "Ole" - Black Santiagos 12 - "Bissa" - Fatoumata Diawara 13 - "Soukora" - Ali Farka Toure & Ry Cooder

sexta-feira, junho 02, 2017

Edu (Mouco) & Mar Superior present "Songs From the Old (Country) House #7"

01 - "Love Me, Someday" - Jesse Sykes & The Sweet Hereafter 02 - "Sleepy Little Sailor" - Oh Susanna 03 - "The Well" - Tarnation 04 - "Looking Forward To Seeing You" - Golden Smog 05 - "Eid Ma Clack Shaw" - Bill Callahan 06 - "How To Rent A Room" - Silver Jews 07 - "You Will Miss Me When I Burn" - Bonnie Prince Billy 08 - "Weightless Again" - The Handsome Family 09 - "Your Church Is Red" - Black Heart Procession 10 - "St. Cloud" - Neal Casal 11 - "Blue Fires" - Case, Lang, Veirs 12 - "Boats In A Sunken Ocean" - Dakota Suite 13 - "Front Porch" - Willard Grant Conspiracy 14 - "Funeral In The Rain" - Chris Isaak 15 - "Flutter" - 16 Horsepower 16 - "Blur Out" - Richmond Fontaine 17 - "Waiting 'Round To Die" - Townes Van Zandt 18 - "Tonight I Think I'm Gonna Go Downtown" - Jimmie Dale Gilmore 19 - "Desperate Kingdom of Love" - Giant Sand 20 - "I See a Darkness" - Johnny Cash

sexta-feira, maio 05, 2017

Made In France (90's)

01 "Prologue /Sacre Francais" - Dimitri From Paris 02 "Parlez Vous Anglais Mr. Katerine" - Katerine 03 "Look In Your Eyes" - Da Capo 04 "La Machine" - Holden 05 "Mes Amis" - Newell 06 "365 Jours Auvrables" - Diabologum 07 "Rappaccini's Daughter" - The Little Rabbits 08 "I Want Some More" - No Talents 09 "Sock It To Me" - T.V. KIllers 10 "Henry's Back" - Les Thugs 11 "Skyscraper Island (The Movie)" - Superstar Disco Club 12 "Motus" - Francoiz Breut 13 "Les Hauts Quartiers De Peine" - Dominique A 14 "Holidays" - Bertrand Burgalat 15 "Un Avis De Defaite (Remix)" - Jerome Miniere 16 "Kelly Watch The Stars (Edit)" - Air 17 "Jacques Your Body (Make Me Sweat)" - Les Rhytmes Digitales 18 "Le Patron Est Devenu Fou! [Sur la Ville]" - Minos Pour Main Basse

segunda-feira, março 13, 2017

Noughties Pop Gems #2

01 - Violens - "Already Over" 02 - The Isles - "Flying Under Cheap Kites" 03 - Hot Hot Heat - "Talk To Me, Dance With Me" 04 - Dogs Die In Hot Cars - "I Love You Cause I Have To" 05 - Apples In Stereo - "Energy" 06 - Imperial Teen - "Baby" 07 - Stephen Malkmus - "Phantasies" 08 - Adam Green - "Carolina" 09 - The Shins - "Australia" 10 - The New Pornographers - "My Slow Descent Into Alcoholism" 11 - Joy Zipper - "Go Tell The World" 12 - The Mae Shi - "Run To Your Grave" 13 - The Rosebuds - "Hold Hands and Fight" 14 - The Dodos - "Fables" 15 - Prints - "Too Much Water" 16 - Someone Still Loves You Boris Yeltsin - "Think I Wanna Die" 17 - Gomo - "Feeling Alive" 18 - Oh No! Oh My! - "Walk In The Park" 19 - Belle & Sebastian - "Step Into My Office, Baby" 20 - Peter, Bjorn & John - "Young Folks"

quarta-feira, março 08, 2017

Ibibio Sound Machine - "Uyai"


Após a estreia auspiciosa em 2014 com o seu registo homónimo, os Ibibio Sound Machine regressam com "Uyai" um autêntico caldeirão sonoro no qual detetamos afrobeat, disco, dub, funk, electro, pitadas de post-punk e diversos ingredientes de várias regiões do globo.

Tal como no seu antecessor, o coletivo de oito músicos liderado pela carismática Eno Williams aposta em ritmos dançantes que facilmente se tornam contagiantes. Muito embora as letras cantadas em inglês e ibibio abordem temas mais sérios como o rapto de 276 raparigas na Nigéria ou a igualdade entre as mulheres,a luta do povo africano ou o estado em que o mundo se encontra, ainda assim, o conceito musical é de esperança, celebração e positivismo.

Como já foi referido, a abundância de estilos e referências é tal que num mesmo tema gingamos com a batida tipicamente africana, soltamos uns movimentos de break-dance com o electro-funk-old-school (o Arthur Baker deveria ter sido convidado para produtor), em diversos momentos pensamos na synth-pop do Gary Numan e num ápice imaginamos uma rave com milhares de pessoas suadas e sorridentes ou no animado ambiente de um festival de músicas do mundo.

Se o tom festivo e bailante é vigente em quase todo o registo, contudo surgem ao longo do disco temas mais intimistas que a meu ver quebram o balanço como são o caso de "Quiet", "Lullaby" e "Cry (eyed)", bastando atentar aos seus títulos caso restassem dúvidas, contudo não retiram o imenso prazer de escutar este disco e de imediato abanar a anca com faixas do calibre de "Give Me A Reason", "The Pot Is On Fire", "Joy (Idaresit)", "Power Of 3", ou a frenética "Trance Dance".

sexta-feira, fevereiro 24, 2017

Pissed Jeans - "Why Love Now"


Os Pissed Jeans são um quarteto oriundo da Filadélfia e "Why Love Now" é já o quinto longa-duração novamente editado pela mítica Subpop, sendo mais um capitulo na sua sólida discografia iniciada em 2005 numa combinação sonora de hardcore, grunge, sludge e pigfuck, meros rótulos para descrever uma banda intensa, ruidosa, sarcástica, sombria, visceral, dignos sucessores de bandas tão impactantes quanto os Black Flag, Jesus Lizard e Mudhoney.

Este novo registo, quiçá o mais refinado, revela uma maior definição e diversificação sonora em relação aos discos anteriores onde raramente o pé era retirado do acelerador, facto evidente é a faixa de abertura "Waiting On My Horrible Warning" uma espécie de cruzamento entre os Cop Shoot Cop e o "grunhido" mais profundo de Tom Waits. Destaque igualmente para a faixa "I'm a Man" um relato sobre o assédio sexual no local de trabalho mas com a curiosidade de ser narrado pela escritora Lindsay Hunter.

No entanto não faltam malhas dignas do repertório clássico dos Pissed Jeans que facilmente imaginamos a criar reboliço na audiência como "The Bar Is Low", "Ignorecam" ou o relato de homens pagarem para serem ignorados. "Cold Whip Cream" é combustível  para o moshpit, ao passo que "Love Without Emotion" é o mais aproximado aos Killing Joke que alguma vez estiveram.

Ao longo da sua carreira os Pissed Jeans incidem em assuntos mundanos mas diria que o tópico principal é de evidenciar as fragilidades e desmistificar o papel do homem numa sociedade tendencialmente machista e misógina, algo facilmente detectável seja através das suas capas, títulos, ou conteúdo lírico de diversas faixas como "Not Even Married" ou a supra-citada "I'm a Man".

"Why Love Now" assegura um papel de destaque aos Pissed Jeans num panorama onde amiúde a agressividade sonora leva a lugares-comuns, algo que a banda contorna de forma exímia sem nunca deixar de soar contundente.



terça-feira, fevereiro 07, 2017

Crazy Rhythms (1978-1984)

01 "Warm Leatherette" - Grace Jones 02 "L'Elephant" - Tom Tom Club 03 "Me No Pop I" - Coati Mundi 04 "Rockit" - Herbie Hancock 05 "Cavern" - Liquid Liquid 06 "White Lines (Don't Do It)" - Grandmaster Flash & Melle Mel 07 "Walking on Thin Ice" - Yoko Ono 08 "I.O.U." - Freeez 09 "Is It All Over My Face" - Loose Joints 10 "Bustin' Out" - Material W/ Nona Hendryx 11 "Aspectacle" - Can 12 "Wheel Me Out" - Was (Not Was) 13 "Clear" - Cybotron 14 "Confusion" - New Order 15 "Fire" - Lizzy Mercier Descloux

quinta-feira, fevereiro 02, 2017

Uniform - "Wake In Fright"



"Wake in Fright", segundo registo de originais da dupla Michael Berdan (ex-Drunkdriver) e Ben Greenberg (ex-The Men), porventura será o disco mais agressivo que terão oportunidade de ouvir este ano, assente num noise-rock a tender para o industrial repleto de samples e vocalizações "in-your-face" que decerto vão deixar marcas no pavilhão auricular de quem se atrever a subir um pouco mais o volume.

 Assente numa ideia de como lidar com os anjos e demónios que povoam a nossa mente, o desespero como denominador comum a muitas sociedades que levam a certos vícios, a noção de guerra e violência constante, já para não falar nas politicas levadas a cabo por certos lideres, em suma, este mundo está fodido mas todos temos de lidar com isso. A partir daqui os Uniform idealizam um banda sonora de forma a retratar todas estas noções sem floreados nem rodeios.

"Tabloid", a faixa de abertura, irrompe pelas colunas e desde logo a batida maquinal e a vocalização possessa de Berdan num registo entre David Yow, Steve Albini e Al Jourgensen, revelam um disco pronto para deixar o ouvinte K.O. logo ao primeiro round. "Habit" que aborda o tópico do alcoolismo e "Night of Fear" poderiam encaixar perfeitamente na discografia dos colegas de editora Pop.1280 sobre os quais já discorri neste espaço e que comungam com os Uniform uma temática e sonoridade semelhantes.

Ao longo do disco vamos detetando um cunho EBM dos Nitzer Ebb aos Nine Inch Nails, ("The Lost" é quase dançável), contudo transpira igualmente as sementes punk lançadas pelos Suicide e Big Black, para além do industrial-metal dos Ministry, KMFDM, Godflesh e Fear Factory ("The Light At The End (Cause)", "The Killing of America" com direito a solo à Slayer e o puro espancamento sonoro de "Bootlicker"), num todo que transmite uma sensação de terror, pânico e agonia com as quais infelizmente temos de lidar diariamente.

domingo, janeiro 08, 2017

(Sort of a ) Best of 2016

01 "Boyfriend" - The Goon Sax 02 "Cold Reading" - Sea Pinks 03 "Bills" - Ultimate Painting 04 "The Conservation of Energy" - Vanishing Twin 05 "Whitest Boy on the Beach" - Fat White Family 06 "Melody in High Feedback Tones" - Cavern of Anti-Matter 07 "Fröhlichkeit" - Camera 08 "Slippery Slopes" - Cold Pumas 09 "Sytrawberry Glue" - Ulrika Spacek 10 "Magic Landing" - Holy Wave 11 "Prisunic" - Limiñanas 12 "Astrologie Siderale" - Whyte Horses 13 "Dana Katherine Scully" - Tacocat 14 "Body of Work" - Cave Story 15 "Coffee" - Kal Marks

quarta-feira, dezembro 21, 2016

2016 (concertos)

Resumo de um ano de concertos. Infelizmente não pude presenciar mais uns quantos por diversas razões. A ver se o panorama melhora para o ano.

-Cobalt Cranes (Maus Hábitos)
-Teeth Of The Sea (Rivoli)
-Minus One (Mercedes)
-Chicos De Nazca (Mercedes)
-White Haus / BEAK/ Dinosaur Jr/ Mudhoney/ Tortoise (Primavera Sound - Porto)
-Föllakzoid (GNRATION - BRAGA)
-Tijuana Panthers / Three Trapped Tigers (Ignition - Penafiel)
-Evols / Sons of Kemet / GOAT (Milhoes de Festa – Barcelos)
-Thurston Moore Group + Alek Rein (CC Vila Flor - Guimarães)
-La Luz (Maus Hábitos)
-Pop.1280 (Rivoli)
-65daysofstatic + Thought Forms (Hard Club)
-Cave Story + Palmiers (Associação Plata)
-Zu (Cave 45) -Indignu (Hard Club)

terça-feira, dezembro 20, 2016

2016 (um possível balanço musical)



A cada ano que passa a vontade em elaborar uma lista dos melhores discos do ano vai reduzindo tendo em conta a elevada percentagem de edições que não é escutada, de outros tantos que ficam aquém das expetativas, do tempo necessário para assimilar um disco em condições e obviamente das inúmeras listas por essa net fora nas quais pouco ou nada me revejo, salvo raríssimas exeções, que me levam a crer que andei a ouvir os discos errados durante todo este tempo (mentira!).

Todavia, não resisto em partilhar uma básica lista (ordenada alfabeticamente) dos álbuns que degustei ao longo do ano, na qual poderão detetar sonoridades variadas desde o indie-rock mais musculado ao indie-pop mais delicado,do pós-punk ao pós-hardcore,  psicadelismo q.b., sons globais, a omnipresente batida kraut, um cheirinho de hip-hop, fusões de vários géneros num mesmo disco, algum experimentalismo como é de praxe entre outros ingredientes, espelhando um espectro sonoro bastante alargado.

2016 não deixa saudades muito por culpa do panorama politico-social que se viveu e da saída de cena de ilustres nomes do panorama musical, no entanto, a música continua a ser um fiel escape à nossa existência, aquela nesga de sol por entre nuvens carregadas de stress, pessimismo e complicações, e por essa razão não consigo evitar em redigir umas linhas sobre um álbum, publicar um video, destacar uma canção, elaborar mixtapes, ou neste caso, simplesmente sugerir a audição destes discos, onde cada um à sua maneira, serviu de banda-sonora para mais um ano neste planeta. Até já 2017!

(clicar no titulo para ouvir)

01 - Aesop Rock"The Impossible Kid"
02 - Animal Faces"Other Places"
03 - Bambara"Swarm"
04 - Big Ups - "Before a Million Universes"
05 - Camera"Phantom Of Liberty"
06 - Cave Story"West"
07 - Cavern Of Anti-Matter"Void Beats/Invocation Trex"
08 - Chook Race"Around The House"
09 - Cold Pumas"The Hanging Valley"
10 - Fat White Family"Songs For Our Mothers"
11 - Future Of The Left"The Peace and Truce"
12 - GOAT"Requiem"
13 - Holy Wave"Freaks of Nurture"
14 - Idle Pilot "You Are Presently Looking Upwards"
15 - Imarhan"Imarhan"
16 - Kal Marks"Life Is Alright, Everybody Dies"
17 - Melt Yourself Down"Last Evenings On Earth"
18 - Mugstar -"Magnetic Seasons"
19 - Nick Waterhouse"Never Twice"
20 - Petite League"No Hitter"
21 - Scott & Charlene's Wedding"Mid Thirties Single Scene"
22 - Sea Pinks"Soft Days"
23 - Senior Service"The Girl In The Glass Case"
24 - Show Me The Body"Body War"
25 - Swans"The Glowing Man"
26 - Tacocat"Lost Time"
27 - The Goon Sax"Up To Anything"
28 - The Limiñanas"Malamore"
29 - The Lucid Dream - "Compulsion Songs"
30 - The Numerators"Strange"
31 - Ulrika Spacek"Album Paranoia"
32 - Ultimate Painting"Dusk"
33 - Vanishing Twin - "Choose Your Own Adventure"
34 - Wedding Present "Going, Going"
35 - Whyte Horses"Pop Or Not"

segunda-feira, dezembro 19, 2016

Noughties Pop Gems #1

01 - TUNNG - "Bullets" 02 - I'm From Barcelona - "We're From Barcelona" 03 - Acid House Kings - "Do What You Wanna Do" 04 - Concretes - "You Can't Hurry Love" 05 - Electric Soft Parade - "Empty At The End" 06 - Panther - "Violence, Diamonds" 07 - My Teenage Stride - "To Live And Die In The Airport Lounge" 08 - Little Ones - "Lovers Who Uncover" 09 - Long Blondes - "Giddy Stratospheres" 10 - Los Campesinos - "You! Me! Dancing!" 11 - Changes - "Water Of Gods" 12 - Envelopes - "Sister In Love" 13 - Mazarin - "For Energy Infinite" 14 - Hidden Cameras - "I Believe In The Good Of Life" 15 - Those Dancing Days - "Hitten" 16 - Camera Obscura - "LLoyd, I'm Ready to be Heartbroken" 17 - Magic Numbers - "Forever Lost" 18 - Boy Least Likely To - "Be Gentle With Me" 19 - Architecture In Helsinki - "It's 5" 20 - Ra Ra Riot - "Ghosts Under Rocks"

quinta-feira, novembro 17, 2016

Ultimate Painting - "Dusk"



Ao terceiro registo, aquilo que inicialmente seria um projeto paralelo transformou-se numa banda que suplantou em termos de edições os Veronica Falls e não tarda ultrapassa os Mazes, bandas de onde são originários os cabecilhas James Hoare e Jack Cooper respetivamente.

Neste espaço já foram destacados ao figurar nas lista dos melhores dos dois últimos anos e com "Dusk" preparam-se para fazer um pleno, tendo em conta que a sua fórmula sonora não varia, no entanto, cada vez mais soam coesos e provavelmente este terceiro álbum revela a dupla mais inspirada do que nos anteriores "Ultimate Painting" e "Green Lanes".

 Nas passadas resenhas aos Ultimate Painting as referências musicais assentes no terceiro registo dos Velvet Underground, os Byrds, Love, a batida motorik, os Felt, Teenage Fanclub e até os Real Estate foram destacadas, e o mesmo discurso é válido para este disco, contudo, "Dusk" revela-se um disco mais fluido que os anteriores. As harmonias vocais continuam em destaque, a toada lânguida marca o tempo ao longo de todo o registo como vem sendo hábito, como que um espelho de uma construção musical que reflete dois músicos a exorcizar as suas influências em comum ao ritmo de pura desbunda, sem grandes preocupações em relação a colagens e isso tem sido a sua mais valia, pois estamos perante canções que apesar de nos transportar para outras paragens com facilidade, merecem ser apreciadas.

Tal como nos anteriores registos a costela krautrock é exposta em "Bills", "Song for Brian Jones" não soa a Rolling Stones mas revela-se como um honesto tributo, discretas teclas adornam "A Portrait of Jason", "Lead The Way" soa a cruzamento entre os Eskobar e os Ride de "Carnival of Light", "Monday Morning, Somewhere Central" assemelha-se a várias bandas influenciadas pela vaga germânica mas a um ritmo mais vagaroso, "Who is Your Target?" é um belo exemplo de indie-pop, "Skippool Creek" é balada narcótica que não destoaria no cancioneiro dos Brian Jonestown Massacre, "I'm Set Free" toda ela Velvetiana com uma linha de teclado aproximada a Jacco Gardner, "Silhouetted Shimering" soa a The Jesus & Mary Chain sob o efeito de "downers" e "I Can't Run Anymore" aproxima-se dos Yo La Tengo.

Tudo isto espremido, resulta num disco que após várias audições, possui aquela cola mágica que mesmo soando familiar encanta pela simplicidade das suas melodias e, acima de tudo, desvela-se como um disco sincero, que não aspira a mais do que ser um somatório de inspiradas canções.

Oh fuck it! It's another punk/HC mixtape!

01.(I'm) Stranded - The Saints 02.Blitzkrieg Bop - Ramones 03.White Riot - The Clash 04.Bodies - Sex Pistols 05.Born To Lose - Johnny Thunders 06.Problem Child - The Damned 07.In The City - The Jam 08.Orgasm Addict - Buzzcocks 09.Identity - X-Ray Spex 10.True Confessions - Undertones 11.Gary Gilmore's Eyes - The Adverts 12.Borstal Breakout - Sham 69 13.Stranglehold - U.K. Subs 14.D-7 - The Wipers 15.Rise Above - Black Flag 16.Group Sex - Circle Jerks 17.L.A. Girl - Adolescents 18.Myage - Descendents 19.Banned in D.C. - Bad Brains 20.Seeing Red - Minor Threat 21.Dehumanized - Void 22.Nic Fit - The Untouchables 23.Barbed Wire - Youth Brigade 24.Rock and Roll Bullshit - Government Issue 25.Drug Me - Dead Kennedys 26.Animais - Censurados 27.Chuta Cavalo... (E Morrerás) - Peste & Sida 28.Eu Tenho Um Pobre - Mata-Ratos

segunda-feira, novembro 14, 2016

Songs From The Old House #4

01.Coastal Stations - July Skies 02.Let Me Down Gently - Spacemen 3 03.You Know It's True - Spiritualized 04.Mesmerene - Thomas Feiner & Anywhen 05.Low Country - Chris Eckman 06.No Fun - Hederos & Hellberg 07.Willing To Wait - Sebadoh 08.She Brings The Rain - Can 09.Chicago People - Sam Prekop 10.Queenie - Brazzaville 11.Bittersweet - Everything About The Girl 12.It's a Very Deep Sea - Style Council 13.Jump In The River - Cousteau 14.A.M. Radio - Hugo Race + True Spirit 15.All The Time In The World - The Apartments 16.Two Birds Blessing - Old Jerusalem

sexta-feira, outubro 28, 2016

Vanishing Twin - "Choose Your Own Adventure"

Projeto liderado por Cathy Lucas outrora membro dos Fanfarlo e mentora de Orlando, os Vanishing Twin, cujo nome provém do raro fenómeno de um gémeo absorver outro ainda em gestação quando um dos fetos morre (algo que ocorreu com Cathy), são uma espécie de super-grupo tendo em conta que nas suas fileiras contam com Valentina Magaletti (Fanfarlo, Tomaga, Neon Neon), o produtor japonês mais conhecido por Zongamin e colaborador nos Floating Points, Phil M.F.U. (Man From Uranus, Broadcast) e o artista visual Elliott Arndt, ao qual acrescenta-se o produtor Malcolm Catto colaborador dos Heliocentrics e Quantic entre outros.

"Choose Your Own Adventure" editado pela conceituada Soundway Records, resulta num disco tipo "caldeirão" no qual despejam diversos ingredientes (pop experimental, krautrock, psicadelismo, easy-listening, jazz, eletrónica, library music, bandas-sonoras), temperos variados (caixas-de-ritmo, vibrafone, sintetizadores, tablas e harpa) e cujo desfecho resulta num disco quiçá com alguma falta de coesão mas suficientemente apetitoso para ser degustado sem embaraço. Perante a descrição facilmente associamos esta fusão sonora a bandas tão marcantes quanto os Stereolab e Broadcast, algo que os Vanishing Twin não terão pudor em confirmar a sua influência, no entanto a banda aponta igualmente para as mesmas fontes de inspiração e não só de modo a não soar a mero pastiche, um objetivo no qual são bem sucedidos.

 "Vanishing Twin Syndrome" a extensa faixa de abertura alicerça-se em dois andamentos, com uma primeira parte assente numa batida à Can fundida com a pop experimental dos The United States of America e algo semelhante a um sampler sacado à banda-sonora de "Get Carter", sendo que a segunda revela a devoção aos Silver Apples adornada por violino e vibrafone. "Telescope" é porventura a mais aproximada aos Broadcast nos seus momentos mais pop ainda assim repleta de efeitos. "Floating Heart" com a sua aura fantasmagórica abre terreno para a cinemática "Eggs" com destaque para o sinistro teclado e a austera percussão com a voz de Cathy a ondular por entre uma ocasional flauta.

"Under The Water" poderia pertencer a um filme obscuro da década de 60, ao passo que "The Conservation of Energy" incorpora elementos conotados com o easy-listening numa espécie de cruzamento entre os Stereolab e os Air. Já o tema que dá titulo ao disco poderia ser assinado pelos Soundcarriers, banda que a par dos Gulp, Virginia Wing e Death and Vanilla bebem (bem) das mesmas fontes. "Truth is Boring" é bossa-nova filtrada pela exotica com manipulação dub, sintetizadores a soltarem blips, ocasionais aparições de harpa e tabla, num total de dez minutos que o Sun Ra aprovaria. A conclusão fica a cargo da faixa-bónus "It Sends My Heart Into a Spin" com uma inclinação mais étnica enfeitada com as costumeiras vocalizações easy. Se escolherem a aventura de entrar no universo sonoro deste disco, decerto não se vão arrepender.

quinta-feira, outubro 13, 2016

Hips, tits, lips, power! (A tribute to women in rock)

01."Slide" - L7 02."Bluebell" - Babes In Toyland 03."Orange Rolls, Angel Spit" - Sonic Youth 04."Big Bad Baby Pig Squeal" - Silverfish 05."Pink Flower" - Daisy Chainsaw 06."What The Fuck" - Boss Hog 07."Fried My Little Brains" - The Kills 08."Who The Fuck?" - P.J. Harvey 09."Miles Away" - Yeah Yeah Yeahs 10."Scorch" - Bandit Queen 11."Safari" - Breeders 12."Lay It Down" - Magnapop 13."Everybody's Going Wild" - The Detroit Cobras 14."House In My Head" - Sons And Daughters 15."Stutter" - Elastica 16."Eyes Open" - Gossip 17."I Wanna Be Your Joey Ramone" - Sleater-Kinney 18."Don't Tred" - Frankie Rose And The Outs 19."Rollercoaster" - Golden Triangle 20."Damn 92" - Las Robertas 21."Bed Rock" - Shannon And The Clams 22."Free Way" - Beaches 23."Start" - Throwing Muses 24."Now They'll Sleep" - Belly 25."Rock N Roll Nigger" - Patti Smith

segunda-feira, outubro 10, 2016

GOAT - "Requiem"


"Requiem" é o terceiro e mais recente registo de originais deste colectivo sueco que desde a sua estreia em 2012 com "Commune" tem conquistado a critica em geral em virtude da sua original fusão de psicadelismo com diversas sonoridades de vários pontos do globo, e são precisamente essas influências globais que sobressaem neste disco em detrimento do convencional uso de guitarras e pedais de efeito.

Conforme foi possível constatar na sua prestação na última edição do Milhões de Festas, estes mascarados escandinavos fazem uso de uma vasta variedade de instrumentos em particular de percussão,sendo que em estúdio abrem-se possibilidades para mais uns quantos auxiliarem a colorir estes temas que nos transportam para diversas partes do globo, e é nesse aspecto que "Requiem" se diferencia um pouco mais dos anteriores, ou se preferirem a definição, digamos que é um disco mais "folk".

Com uma construção musical que assenta numa certa repetição devedora do psicadélico, nalguns casos próxima de mantras, a banda vai acrescentando com mestria inúmeros elementos sonoros de distintas procedências (Nigéria, Mali, África do Sul, Paquistão, Índia, são apenas alguns exemplos) com a já referida riqueza instrumental onde não faltam flautas, saxofone, pianos, percussões de várias origens, instrumentos de corda típicos de várias regiões (para quando a guitarra portuguesa?), e vocalizações a condizer a cargo das incansáveis vocalistas que ao vivo assumem um papel preponderante no entusiasmo do público.

A meu ver, "Requiem" peca essencialmente pela sua longa duração e um ou outro tema menos conseguido, no entanto o resultado final é deveras satisfatório e revela uma banda sem receio em experimentar e enveredar por terrenos menos usuais.

sexta-feira, setembro 30, 2016

Cold Pumas - "The Hanging Valley"


Oriundos de Brighton, os Cold Pumas são a meu ver uma das bandas mais estimulantes da atualidade e o mais recente "The Hanging Valley", precedido pelo registo debutante "Persistent Malaise" (2012), vem confirmar a minha humilde opinião, muito embora exista ainda espaço de manobra para refinar o seu som.

Editado pela revigorante Faux Discx gerida por Dan Reeves membro dos Cold Pumas e mentor dos Soft Walls, "The Hanging Valley" não se afasta muito das premissas do registo de estreia, contudo algum do nevoeiro que pairava em termos de produção dissipou-se, criando mais espaço para os instrumentos respirarem, factor a que não será alheio a escolha de M.J. dos Hookworms como responsável pela consola de gravação e a inclusão de Lindsay Cortstorphine para o cargo de baixista.
Para quem não está familiarizado com o seu som, poder-se-à descrever como um cruzamento entre a aparente frieza pós-punk dos Wire e a constante repetição apanágio dos The Fall, acrescente-se a batida motorik, o art-rock dos Sonic Youth e muralha sonora shoegaze e porventura teremos em linhas gerais o seu retrato sonoro.

A construção dos nove temas que preenchem este disco, baseia-se numa estrutura onde a repetição é palavra de ordem de modo a impregnar-se no cérebro do ouvinte, no entanto várias nuances vão surgindo ao longo das faixas de modo a que não caiam num fosso repetitivo, com variações vocais, camadas de efeitos a surgir quando menos se espera, mudanças de ritmo e um flectir para terrenos mais melodiosos ausente no primeiro disco, de que é exemplo máximo a faixa de encerramento "Murmur Of The Heart". Amiúde os Parquet Courts saltam à memória, o que não é de todo estranho tendo em conta os muitos pontos em comum a nível de influências, em particular nos temas mais acelerados como "Severed Estates"e "A Human Pattern".

No final da sua audição, ficamos com a sensação de termos estado a rodopiar incessantemente num carrousel ou até mesmo dentro de uma máquina de lavar roupa mas isso não impede a que voltemos a repetir a dose.

Edu (Mouco) & Mar Superior present "Songs From the Old House #3"

01."Soft Landing" - Appliance 02."Between Two Points" - The Montgolfier Brothers 03."Darling" - At Swim Two Birds 04."Is It Alright (Between Us)" - It's Immaterial 05."Miner at the Dial-A-View" - Grandaddy 06."If I Have Been Unkind" - Lanterns On The Lake 07."Bat Lies" - Tape Deck Mountain 08."Blue It Is" - Billy Mackenzie 09."My Funny Valentine" - Chet Baker 10."For One Moment" - Lee Hazlewood 11."Trigger" - Calexico 12."I'll Take Care of You" - Mark Lanegan 13."Good Day For Dying" - Eskobar 14."Accused of Stealing" - The Delgados 15."How I Long" - Gorky's Zygotic Minci 16."Little Star" - Stina Nordenstam 17."Cast Anchor" - Hanne Hukkelberg 18."Baibaba Bimba" - Tenniscoats 19."John Wayne Gacy, Jr." - Sufjan Stevens 20."Windmills of Your Mind" - Dusty Springfield

domingo, setembro 11, 2016

Beyond Surf Rock

01."Attack of the Ghost Riders" - Raveonettes 02."Thee Only One" - Frankie Rose 03."Flipside" - The Breeders 04."Gravedweller" - The Wytches 05."Cinco de Mayo" - Golden Triangle 06."Pajama Party in a Haunted Hive" - Beat Happening 07."Swampland" - Scientists 08."Get Ur Freak On" - Ping Pong Orchestra 09."If You Could Read Your Mind" - Clinic 10."Big Big Blood" - La Luz 11."Creature" - Tijuana Panthers 12."Death Beach" - Midriffs 13."I Spy" - Dead Kennedys 14."Spooks Night Out" - Legendary Invisible Men 15."Chasing For Young Blood" - Messer Chups 16."Planet Claire" - The B-52's 17."Washed Up" - The TeleVibes 18."Wasteland" - Hooded Fang 19."Love-A-Rama" - Southern Culture On The Skids 20."Wor" - Django Django 21."Big Toe" - The Growlers 22."Ana" - Pixies

quinta-feira, setembro 08, 2016

Show Me The Body - "Body War"



Com apenas 2 ep´s editados o trio nova-iorquino Show Me The Body caiu rapidamente nas boas graças da imprensa musical alicerçado em ruidosas atuações ao vivo. "Body War" é o comprovativo que faltava para catalogar esta banda como uma das mais promissoras da atualidade em virtude de uma sonoridade impregnada de vários estilos com os quais os SMTB souberam e bem conjugar de forma a criar um disco atual que espelha a realidade através de letras viscerais, sem medo de colocar o dedo na ferida. Para além de não alinharem com editoras e disponibilizarem o disco para descarga gratuita, são parte integrante do colectivo Letter Racer Collective com os Ratking.

"Body War" o tema que dá titulo ao disco poderia figurar na histórica banda-sonora "Judgement Night" na qual bandas rock uniram a sua criatividade ao universo hip-hop com resultados variados, embora neste caso os SMTB não necessitariam de convidados pois dão bem conta do recado sozinhos. A influência dos Fugazi é um denominador comum em vários temas e "Tight SWAT" é um bom exemplo da vertente post-hardcore que atravessa este disco que no seu desenrolar vai revelando inúmeras referências como o rap experimental dos Death Grips, a agressividade dos Dope Body, a cadência de Anthony Kiedis (Red Hot Chili Peppers), o crossover dos Suicidal Tendencies e Biohazard, a versatilidade dos Beastie Boys, o hardcore musculado dos Bad Brains, um King Krule em "Metallic Taste" com o banjo de Julian Cashwan Pratt em evidência ou até os Liars em "Aspirin". Tudo isto inúmeras vezes numa mesma música sem que os temas se ressintam das constantes variações o que, diga-se de passagem, é obra!

Eles rotulam a sua sonoridade de "sludge" e há mesmo quem afirme que são um bom exemplo de rap-metal, esse estilo mal-amado muito por culpa do nu-metal. Catalogações à parte, os SMTB são uma banda que, diria eu, fazia falta.


domingo, agosto 14, 2016

Surf Rock Revival!

01."Put Your Finger in the Socket [Maximum Voltage Version]" - Man Or Astro Man? 02."Tailspin" - Los Straitjackets 03."War of the Satellites" - The Bomboras 04."Haulin' Hearse" - The Ghastly Ones 05."Gravewalk" - Satan's Pligrims 06."Interstate Death Toll" - Huevos Rancheros 07."Bullet" - The Reverend Horton Heat 08."Echo Rocket 66" - Royal Fingers 09."Aoi Hoshikuzu" - Wild Sammy & The Royaltones 10."Constellation 814" - Aqua Vista 11."Transylvanian Orbit" - Space Cossacks 12."Il Padrino" - The Anacondas 13."Swanlake" - The Looney Tunes 14."Tico-Tico" - Tailgators 15."Seville" - Teisco Del Rey 16."Frontal Lobotomy" - Dr. Frankenstein 17."Sabre Jet" - Ralph Rebel 18."Space Twist 2010" - The Dynotones 19."Take A Look At The Spacy Men Drinkin' Astro Cocktails & Eatin' Their Frushtuk In A Rocket" - The Slow Slushy Boys 20."Suicide Bay" - The Halibuts 21."Having an Average Weekend" - Shadowy Men on a Shadowy Planet 22."Wait Until Spring, Bandini" - The Makers 23."Point of No Return" - Euroboys 24."Fadeaway" - Laika & The Cosmonauts

domingo, julho 31, 2016

Summer Tape 2016

01."Get It Right" - Braves 02."Smash" - Varsity 03."Honeydew" - Dazy Crown 04."Breathless" - Diet Cig 05."Sinister" - Frankie Cosmos 06."Holy Day" - Motorama 07."Vacation" - Simen Mitlid 08."Moby Dick" - Gurr 09."Midnight Lovers" - New Swears 10."Yr Horoscope" - Sea Pinks 11."The Way Things Should Be" - Modern Nomad 12."Ice Cream (On My Own)" - Goon Sax 13."Bone" - King Gizzard And The Lizard Wizard 14."Keep Swimming" - Soda Shop 15."Mess Of Me" - Malandros 16."Zookeeper" - Petite League 17."Easier Said" - Sunflower Bean 18."Out of Mind" - DIIV 19."Airport Bar" - Martin Courtney 20."Here's No Use" - Salad Boys

quinta-feira, julho 14, 2016

Bambara - "Swarm"


Recordo-me de ter ficado deveras impressionado com a atuação dos Bambara aquando da sua passagem pelo Porto em 2013 como banda de suporte aos A Place To Bury Strangers, e desde então tenho aguardado pelo sucessor do debutante "Dreamviolence". "Swarm" foi um parto complicado tendo em conta várias contrariedades que a banda sofreu, no entanto, souberam dar a volta e com o precioso auxilio na produção de Ben Greenberg (Uniform) e o resultado final é deveras compensador.

Desde logo o maior destaque neste registo incide no espaço dado à voz de Reid Bateh, desta feita bem mais audível e a revelar-se uma enorme surpresa. Qual filho bastardo de Nick Cave à procura de reconhecimento, Reid e as suas letras tingidas a negro são agora bem mais perceptíveis e com isso a banda alcançou uma intensidade que outrora encontrava-se submergida em ruído.
Todavia, não fiquem com a ideia que a banda abandonou o seu característico noise-rock / post-punk em detrimento de baladas sobre assassinos, nada disso, prosseguem dentro da mesma matriz contudo o seu som é agora mais nítido e a utilização de loops mais criteriosa.

Ao longo das doze faixas que compõem "Swarm" detetamos a influência dos The Birthday Party, Swans, Bad Seeds, Sonic Youth, Scientists, Gallon Drunk, Cramps, Gun Club ou semelhanças com os Disappears, Destruction Unit, Iceage e até os Girl Band, pontuadas por guitarras a roçar o psychobilly, o cowpunk ou em constante frenesim, ambiências industriais por vezes a deslizar para território gótico, num todo que resulta num disco denso, claustrofóbico, rico em texturas, ao qual voltamos com o mesmo prazer.

quinta-feira, junho 30, 2016

Swans - "The Glowing Man"


Com uma carreira que ascende a mais de 30 anos, encerra-se com este "The Glowing Man" mais um capitulo na vasta e turbulenta discografia dos Swans sempre com Michael Gira a comandar as operações. Esta nova fase que se iniciou em 2010 com "My Father Will Guide Me Up A Rope To The Sky", sucedendo os duplos registos "The Seer" e "To Be Kind" é porventura a sua melhor etapa muito por culpa dos excelentes músicos que rodearam Gira mas também de um amadurecimento de ideias que o capitão desta embarcação conseguiu levar a cabo ao longo desta década.

"Cloud of Forgetting" abre as hostilidades com Gira a clamar no final "I Am Blind" após uma tempestade sonora que não destoaria no cancioneiro dos Godspeed You Black Emperor. Seguem-se os 25 extasiantes minutos de "Cloud of Unknowing", repletos de crescendos e momentos de acalmia. Basta atentar nos títulos das 8 faixas que compõem este registo para facilmente detetar estarmos perante mais um disco conceptual pleno de questões existenciais, ao qual não faltam alusões a religião, sexo, violência, droga e politica e espiritualidade.

"The World Looks Red/The World Looks Black" assenta num dos truques mais usados pelos Swans no qual a repetição de certas frases ecoam no nosso cérebro numa espécie de mantra do qual não temos escapatória. A curta (segundo os cânones da banda) e melódica "People Like Us" resulta numa espécie de intervalo para respirar um pouco ante o sufoco que se avizinha com "Frankie M" dotado de uma primeira parte em registo coral fantasmagórico algo extensa até ao irromper das guitarras num riff que soa a Mono a tentar fazer uma versão do "Revolution" dos Spacemen 3, surgindo posteriormente Gira a cantar sobre drogas numa toada mais descontraída do que lhe reconhecemos, para num ápice a banda voltar à carga com toda a pujança que se lhe reconhece.

A polémica "When Will I Return" interpretada por Jennifer, esposa de Gira, resulta num exorcizar da experiência traumática de violação que foi alvo, algo que poderia ser encarado de uma forma positiva, não fossem os acontecimentos recentes com a cantora Larkin Grimm a acusar Gira do mesmo, algo que foi refutado pelo casal. (A aguardar pelos próximos capítulos).

Prosseguimos para mais um tour-de-force com "The Glowing Man", outro exemplo da mestria musical desta banda que sob a batuta de Gira vai acrescentando ou subtraindo camadas, ora com sucessivas explosões sonoras, mudanças de ritmo inesperadas ou serenando os ânimos quando necessário, enquanto Gira diversifica o seu registo vocal de acordo com a toada reinante.

O apropriado e imponente "Finally, Peace" encerra as duas horas de duração deste disco que confirma uma vez mais que os Swans com esta formação criaram um território sonoro muito próprio e do qual não sabemos como Gira vai dar a volta. Seja como for, esta sucessão de discos fica desde já para a história.


quarta-feira, junho 29, 2016

Songs From The Old House Vol.2

Edu (Mouco) e Mar Superior apresentam o novo volume das "Songs From The Old House", uma seleção musical que porventura poderá levar ao verter de uma sorrateira lágrima, ao ponderar no que porra andamos aqui a fazer, a recordar alguns momentos da vida, a fumar um pensativo cigarro e muito provavelmente a uma certa sonolência. Sit back and enjoy!


domingo, junho 05, 2016

Edu (Mouco) e Mar Superior apresentam o primeiro volume das "Songs From The Old House", uma mixtape assente em canções intimistas, ideais para servir de banda sonora a momentos de relaxe, introspecção ou embalo. Sit back and enjoy!

01."Something On Your Mind" - Karen Dalton 02."You & Your Sister" - This Mortal Coil 03."Northern Sky" - Nick Drake 04."We Dance" - Pavement 05."Ocean Rain" - Echo & The Bunnymen 06."Adoration" - Cranes 07."Cattle And Cane" - The Go-Betweens 08."Under The Milky Way" - Grant-Lee Phillips 09."Some Candy Talking" - Richard Hawley 10."Avalanche" - Dan Michaelson 11."Bury Me Deep In Love" - The Triffids 12."Your Ghost" - Kristin Hersh 13."It's Up To You" - Shop Assistants 14."For The Damaged" - Blonde Redhead 15."Distortions" - Clinic 16."Hotcha Girls" - Ugly Casanova 17."N.I.T.A." - Young Marble Giants 18."Loneliness Is A Gun" - House Of Love 19."Desire As" - Prefab Sprout 20."True Love Will Find You In The End" - Headless Heroes

quarta-feira, junho 01, 2016

The Numerators - "Strange"



Após alguns anos de edições caseiras e ocasionais 7" partilhados com outras bandas, os The Numerators lançam o seu primeiro álbum oficial "Strange", um registo que decerto será do agrado de quem ainda aprecia um rock de garagem imbuído de um espírito punk, acrescido de nuances psicadélicas e guitarradas surf.

Liderados por Sammi e Burgers Rana, que apesar de distantes (Sammi em Austin, Texas e Burgers em Brooklyn, N.Y.) conseguem unir esforços para em conjunto com o baixista Andrew Chavez edificar um conjunto de canções, resultando num sólido registo de estreia que contou com a masterização a cargo de Oliver Ackerman dos A Place To Bury Strangers com o qual Burgers trabalha na construção de pedais de efeito.

Por entre referências a Dick Dale, Sonics, Ty Segall, Thee Oh Sees, Wytches ou Bass Drum of Death, "Strange" soa no entanto a uma banda capaz de pegar numa matéria já bastante utilizada e moldar em canções plenas de ritmos contagiantes que ao vivo surtirão um efeito ainda mais vibrante. Destacar faixas é tarefa ingrata dada a consistência dos 10 temas que o compõem, ainda assim não resisto em referir a surfalhada alucinada de "Wastoid", o festim de "Chencho", a aproximação aos Cramps de "Hi, I'm Kirk. Fuck You", a cavalgada furiosa de "Hope" ou "Feeel" imersa em ondas de psicadelismo.

sexta-feira, maio 27, 2016

Noise Rock Mixtape Vol.2

01."Dead Joe" - Birthday Party 02."Asbestos Lead Asbestos" - World Domination Enterprises 03."Battered Children Twirling Battered Batons" - The Union of a Man and a Woman 04."Barbarian Boy" - Lightning Bolt 05."Headless" - Hella 06."Ultrabitch" - Lobster 07."Agony Flesh" - New Collapse 08."Identity Exchange Program, Rectum Return Policy" - Locust 09."Quitter" - Cherubs 10."Pigs Wear Blue" - XBXRX 11."Uvula" - Dmonstrations 12."Big Lies" - Uzeda 13."Camero" - Hammerhead 14."Cannibal" - Scratch Acid 15."Caught Licking Leather" - Pissed Jeans 16."Lazy Slave" - Dope Body 17."Old Skin" - Young Widows 18."Tumor" - His Electro Blue Voice 19."Little Hitlers" - Arsenal 20."Auto-Fuck" - Zeni Geva 21."He's My Thing" - Babes In Toyland 22."In My Head" - Girl Band 23."I Want To Take You Outside" - Ligament

sexta-feira, maio 13, 2016

The Limiñanas - "Malamore"



Com um notório crescendo de popularidade, o qual foi evidente na sua passagem pelo Indouro Fest (2015), o trajeto dos gauleses Limiñanas tem sido trilhado desde 2009 assente numa sonoridade onde cabem os Velvet Underground e os seus descendentes The Jesus & Mary Chain, Serge Gainsbourg, 60's garage-rock de contornos psicadélicos, bandas-sonoras vintage e essências de world music, não se escusando para tal em utilizar diversos idiomas (francês, inglês, espanhol, italiano) ou optar por instrumentais para melhor explorar o seu som. "Malamore" não se afasta destas premissas muito embora denote uma banda mais focada em não se desviar tanto da sua rota como no anterior "Costa Blanca".

Como é habitual a influência cinematográfica é algo de que a banda não abdica e o espectro de Morricone, Bacalov e John Barry entre outros, paira em temas como "Athen I.A.", "El Sordo" e "Paradise Now", este último a dever muito a "Midnight Cowboy". Confesso uma preferência vocal pelos temas francófonos em particular pelo tom narrativo de Lionel  de que são exemplo "El Beach", "Prisunic" com um teclado irresistível e "Kostas" adornado por um bouzouki. Na vertente feminina destaque para a balada sensual "Garden of Love" a cargo de Marie com o baixo de Peter Hook a dar um colorido mais pop, e o acelerado "Dahlia Rouge". Os restantes temas interpretados em inglês "Malamore" e "The Dead Are Walking" perdem algum impacto quiçá por uma questão de sotaque.

Para o final fica reservada a cereja no topo do bolo na forma de uma vertiginosa viagem de comboio de seu nome "The Train Creep A-Loopin" com um infernal Wah-Wah a conduzir uma locomotiva auxiliada pelo multi-instrumentalista Pascal Comelade com os quais a banda editou o ano transacto o recomendável "Traité de Guitarres Trioléctiques". Trés bon!


sexta-feira, abril 29, 2016

Holy Wave - "Freaks Of Nurture"


Oriundo de Austin, Texas, os Holy Wave editaram recentemente "Freaks Of Nurture" o seu segundo registo de originais, sucedendo ao sedutor "Relax" que apresentaram em concerto por terras lusas. Não se desviando da linha que têm vindo a trilhar desde 2008, os Holy Wave assentam a sua sonoridade num psicadelismo com inclinação pop inspirado nos Byrds, Love, Doors, ao qual acrescentam o típico fuzz do garage-rock dos conterrâneos 13Th Floor Elevators, não se escusando em entrar por territórios dream-pop e shoegaze.

Prosseguindo na aposta em compor canções mais lânguidas do que é usual nestes territórios, (quiçá o calor californiano a fazer das suas), os Holy Wave sabem bem levar a sua água ao moinho e o resultado final são temas povoados de teclados coloridos, nos quais as guitarras ora ondulam num registo surf-jangle ou arrebitam com o fuzz, o baixo e bateria cumprem a função de manter o ritmo e a voz ecoa de uma forma preguiçosa.

A envolvente faixa de abertura "She Put a Seed In My Ear" soa a um cruzamento entre os Real Estate, Allah-las e The Seeds, ao passo que "Wendy Go Round" poderia ser da autoria dos Psychic Ills, já "Western Playland" não destoaria no "Carnival of Light" dos Ride. O ritmo acelera com "You Should Lie" abrandando de seguida com a balada narcótica "California Took My Bobby Away". O espírito dos Spacemen 3 e Stereolab pode ser detetado em "Air Wolf", "Our Pigs" convida ao menear da anca, "Sir Isaac Nukem" tem o carimbo "trippy", enquanto que "Magic Landing" encaixa perfeitamente numa compilação de celebração do Halloween. A viagem termina com "Minstrel's Gal" com adorno de cítara para dar aquele toque especial a um disco que coloca os Holy Wave a um passo de atingir o escalão principal desta nova vaga psicadélica, algo totalmente merecido.


quarta-feira, abril 27, 2016

Noise Rock Mixtape vol.1

01."Kill Yr. Idols" - Sonic Youth 02."Woly Boly" - Butthole Surfers 03."Plaster Casts of Everything" - Liars 04."A Pack Of Wolves" - Black Eyes 05."Sex Automata" - Ex Models 06."The Ugly American" - Big Black 07."Wet Blanket" - METZ 08."Ego Death" - A Place To Bury Strangers 09."Upside Down" - The Jesus & Mary Chain 10."I Feel Insane" - Daisy Chainsaw 11."T.F.A." - Silverfish 12."Thumbscrews" - The Jesus Lizard 13."Swords" - Blacklisters 14."Falco vs. The Young Canoeist" - Mclusky 15."Twenty Iron Men" - Wives 16."Herculoid" - Made Out Of Babies 17."Last Man Standing" - Unsane 18."B1" - Part Chimp 19."Fever Dreaming" - No Age 20."You Made Me Realise" - My Bloody Valentine

sexta-feira, abril 22, 2016

Future Of The Left - "The Peace and Truce Of The Future of The Left"


O quinto álbum dos galeses Future Of The Left liderados pelo carismático Andrew Falkous (Falco) não possui grandes diferenças em relação aos seus antecessores para bem da nossa sanidade auditiva, dada a sua fórmula vencedora assente num noise-rock bem esgalhado, povoado de letras corrosivas salpicadas de humor e cinismo.

Desta feita, o maior destaque de "The Peace and Truce..." recai num maior protagonismo da secção rítmica mercê de uma produção "Albiniana" na qual baixo e bateria fustigam o ouvinte sem piedade enquanto Falco vai cuspindo a sua bílis e estrangulando a sua guitarra, algo bem patente na brutal faixa de abertura "If AT & T Drank Tea What Would The BP Do" com uma linha de baixo reminiscente de um "Kerosene" dos Big Black.

Quiçá um pouco mais agressivo resultado de um retorno ao formato trio, este novo registo financiado em poucas horas pelos seus inúmeros admiradores, demonstra uma banda com uma coesão notável, capaz de criar dinâmicas que balançam entre o rock matemático e riffs mais imediatos, vocalizações que alternam entre a narrativa, a gritaria desenfreada e até o refrão cantarolável, alicerçadas na tal produção seca mas deveras poderosa, de que são exemplo faixas tão contundentes quanto ""The Limits of Battleships", "Eating For None", "Reference Point Zero" e "In A Former Life".

O trilho traçado inicialmente por Falco e o baterista Jack Egglestone no seminais Mclusky prossegue em grande forma com uns Future Of The Left cada vez mais apurados e senhores da sua carreira que ao contrário do titulo do seu novo disco não dão tréguas em abalar os nossos ouvidos e enquanto existirem motivos de sobra para soltar a sua raiva, também não teremos paz!



terça-feira, abril 12, 2016

The Goon Sax - "Up To Anything"


Perante o cenário de um trio australiano praticante de uma "bedroom pop" composto por dois jovens compositores e uma baterista, obviamente que as comparações com os The Go-Betweens serão inevitáveis, se acrescentarmos o importante pormenor que um deles é descendente direto de Robert Forster então não há como escapar a serem vistos como os sucessores naturais dos autores de "Streets of Your Town" e "Bachelor Kisses".

Neste seu registo debutante, Louis Forster, James Harrison e Riley Jones não escondem a influência que os supra-citados possuem na sua sonoridade, mas o que mais impressiona nos The Goon Sax (nome foleiro) é desde logo a capacidade em compor canções do mesmo quilate (da primeira fase, não exageremos), na qual podemos vislumbrar a marca dos Byrds e Jonathan Richman, poderiam até figurar na famosa cassete C86 ou fazer parte do catálogo da influente Flying Nun, tudo boas referências como podem constatar e um sinal inequívoco de estarmos perante uma banda que apesar da devoção a vocês sabem quem, de uma forma tão natural consegue arrebatar com as suas simples melodias, letras juvenis e uma atitude de "não sabemos tocar melhor mas também não nos incomodamos com isso" que remete igualmente para os Beat Happening ou The Pastels.

Creio que será escusado acrescentar muito mais a esta crítica, aconselho-vos apenas a ouvir os 12 temas que compõem "Up To Anything" e deleitarem-se com pérolas pop como "Sometimes Accidentally", "Telephone", "Home Haircuts", "Sweaty Hands" e a canção mais viciante do ano em "Boyfriend". Embora no território musical este ditado não raras vezes soe desfasado da realidade, neste caso podemos mesmo afirmar que quem sai aos seus não degenera e que a par dos Twerps e Dick Diver a pop australiana está de se lhe tirar o chapéu!

quinta-feira, abril 07, 2016

Tacocat - "Lost Time"



"Lost Time" é o terceiro longa-duração dos Tacocat, quarteto oriundo de Seattle que tem vindo a conquistar o seu lugar ao sol mercê de um punk-pop deveras cativante, no qual vislumbramos com facilidade as suas influências mas que no entanto revelam mestria para baralhar e voltar a dar, seja através dos seus refrões que não descolam dias após a audição ou de riffs tão simples quanto eficazes.

Tendo como ponto de partida o punk primário dos Ramones, os Tacocat passam pelo indie-pop dos Shop Assistants e Primitives, mordiscam a sensibilidade melódica com travo punk das Shonen Knife, revelam a sua devoção ao college rock dos 90 (Magnapop, Breeders, That Dog) e obviamente acercam-se das Vivian Girls, Best Coast ou às colegas de editora na Hardly Art, La Luz e Chastity Belt.

"Lost Time" abre com o power-pop de "Dana Katherine Scully" tributo à famosa personagem da série "Ficheiros Secretos". Desconheço o que significa "FDP" (embora em português fosse evidente) mas o seu refrão "FDP don't fuck with me" é algo para cantarolar sem pudor tal como "earthquake, tsunami, there's still no place i'd rather be" na explicita "I Love Seattle". Os que trabalham aos fim-de-semana já possuem um hino para os consolar devidamente em "I Hate The Weekend" e por falar em laborar "You Can't Fire Me, I Quit" poderia ter como autoras as gémeas Deal.

Numa banda composta por três mulheres e um elemento masculino é natural que certos tópicos venham à baila como a discriminação, a arrogância masculina ou a sexualidade de que são exemplos "The Internet", "Men Explain Things To Me" e "Plan A, Plan B", no entanto as principais mensagens que a banda transpira são de auto-confiança, positivismo, humor e acima de tudo, diversão sendo "Night Swimming" o exemplo perfeito. Até ver o mais forte candidato a disco de Verão 2016!


quarta-feira, março 30, 2016

Breve sumário da música alternativa em Portugal

Breve sumário da música alternativa em Portugal é uma mixtape representativa da produção "indie" nacional desde a sua génese na década de 80 até ao presente. Alerta: contêm vários instrumentais, muitas cantadas em inglês e escassas em português.